Campeonato de bolinha de gude: que tal organizar com as crianças?

Por: Camila Hungria
Uma brincadeira simples e tradicional para ensinar às crianças.

A inspiração para essa brincadeira vem das crianças da Ilha do Bororé, bairro localizado no distrito Grajaú, extremo sul da cidade de São Paulo. Durante o Festival de festa junina e julina, organizado pela comunidade do bairro, na pracinha da balsa que faz a travessia até o município de São Bernardo do Campo, às margens da represa Billings, meninos e meninas de 4 a 13 anos puderam experimentar uma nova brincadeira para muitos, tão simples, quanto tradicional, participando de um campeonato de bolinhas de gude.

Trata-se de uma brincadeira que teve origem na Antiguidade e sobrevive até hoje. A data exata do surgimento é desconhecida, mas é sabido que na Roma Antiga e na Grécia já havia a brincadeira.
Créditos: ESTADÃO CONTEUDO
Trata-se de uma brincadeira que teve origem na Antiguidade e sobrevive até hoje. A data exata do surgimento é desconhecida, mas é sabido que na Roma Antiga e na Grécia já havia a brincadeira.

Quem organizou a competição e convidou a criançada foi Eric Silva, 21, estudante de geografia na USP (Universidade de São Paulo) que nasceu e vive no bairro. De acordo com ele, a competição foi pensada a partir de uma reflexão sobre os valores humanos, a atitude de respeitar o outro, a amizade, o brincar com o simples e sem consumismo. “A ideia do Mundial de Bolinha de gude é justamente mostrar que a gente pode usar nosso bairro, viver nossa represa, viver nossa natureza, viver as pessoas com respeito e sem consumir”, explicou em entrevista à Agência Mural.

“Se a gente não consegue brincar direito, não consegue conviver direito com os outros”, disse Irineu Freire, 43, o juiz da competição, cobrado pelas crianças para ser um juiz honesto.
Créditos: Marcio Fernandes
“Se a gente não consegue brincar direito, não consegue conviver direito com os outros”, disse Irineu Freire, 43, o juiz da competição, cobrado pelas crianças para ser um juiz honesto.

Oito crianças participaram da competição, entre elas três meninas. Duas delas nunca haviam jogado bolinha de gude, mas estavam curiosas e animadas. “Nunca brinquei e quero brincar. Pelo menos uma vez na vida quero brincar”, disse Alana Bizarrias, 11, minutos antes de começar as partidas. “Vou participar por curiosidade. Só sei que vai ser divertido”, completou Lethícia Bizarrias, 9. “Eu já brinquei uma vez”, comentou Thaune Azevedo, 7. Fernando de Abreu, 13, não jogava bolinha de gude há três anos. Ryan Bragança, 10, gosta da brincadeira, mas quem argumentou que treinou mesmo para o campeonato foi seu irmão Renan Bragança, 11. Apesar de o jogo de bolinha de gude não fazer parte da rotina do grupo, outras brincadeiras de rua permanecem vivas no dia a dia delas.

Como funcionou a competição 

As crianças explicaram que decidiram participar do jogo “porque é legal e para fazer alguma coisa diferente”. 
Créditos: Carlos Bassan
As crianças explicaram que decidiram participar do jogo “porque é legal e para fazer alguma coisa diferente”. 

As oito crianças foram divididas em dois grupos. Grupo A, formado por Alana, Thaune, Renan e Lucas do Nascimento, 12. E grupo B, formado por Lethícia, Ryan, Fernando e Matheus Romeu, 6. Cada participante recebeu duas bolinhas de gude e o tipo de jogo escolhido por votação foi o triângulo. Nesse módulo, cada criança coloca uma das duas bolinhas recebidas dentro do triângulo. Risca-se uma linha abaixo do triângulo e, a uma distância de mais ou menos um metro, cada criança joga a outra bolinha que ficou para decidir a ordem da jogada. Quem acertar mais perto da linha joga primeiro. O objetivo é capturar as bolinhas e ganha a competição quem ficar com mais.

Premiação

Para a semifinal foram Thaune, Lucas, Fernando e Ryan. Na grande final, Fernando venceu Ryan e levou o título após uma disputa acirrada.
Créditos: DENNY CESARE
Para a semifinal foram Thaune, Lucas, Fernando e Ryan. Na grande final, Fernando venceu Ryan e levou o título após uma disputa acirrada.

A premiação ocorreu com a chegada do pôr do sol e contou com prêmios que estimulam a leitura, a criatividade e a imaginação. Quem ocupou o terceiro e o segundo lugar recebeu um gibi cada um. O primeiro lugar ganhou um gibi e o livro “Os três capetinhas”, que livro conta a rotina de três crianças que vivem num apartamento e a preocupação dos pais em educá-las . Um dos meninos sonha em morar numa casa com quintal.

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Com informações de Agência Mural.