Com retalhos e fuxicos, alunos revitalizam cadeiras na Bahia
Por Vanessa Ribeiro do Criativos da Escola
“Percebermos que havia cadeiras sem uso, abandonadas em salas de aula. De observar, surgiu a ideia de recuperá-las através de uma reforma”, explica Ana Maira Santos, do 2º ano do ensino médio do Colégio Estadual Arthur Vieira de Oliveira, em Anguera (BA). Um novo mobiliário, mais moderno e colorido, chegou à escola para substituir o antigo, fazendo com que a falta de espaço para alocar o velho material se tornasse um problema para a comunidade escolar. “As cadeiras estavam sem uso, jogadas no canto de uma sala”, lembra Patrício dos Santos, do 2º ano do ensino médio.
Tinta spray, cola e retalhos de tecido. Com esses e outros materiais, quatro alunos começaram a dar uma nova cara para as cadeiras feitas de ferro e madeira que estavam inutilizadas e em mal estado. “Juntos, melhoramos o aspecto das cadeiras e elas ficaram muito coloridas e bonitas. Ficamos felizes e orgulhosos com essa ação”, conta Ana.
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O projeto batizado de “Era uma vez uma cadeira desprezada” foi apresentado na feira de ciências da escola e na Feira do Conhecimento de Anguera, o que deu visibilidade para a iniciativa e atraiu adeptos de outras escolas. Segundo Patricio, “foi tudo muito positivo, porque tivemos apoio dos demais alunos, dos professores e a própria comunidade local apreciou o trabalho”.
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Com a ajuda da gestão da escola e de funcionários, a ideia tem se apresentado como uma possibilidade de intervenção em diversas escolas municipais e estaduais que também trocaram os móveis recentemente. Os alunos e a professora orientadora do projeto, Elaine Oliveira, apresentam a iniciativa como forma de estimular a ação cidadã em outros estudantes. Atualmente, outras “escolas multiplicadoras” da cidade também estão realizando a restauração de suas cadeiras.
Tamires Lima dos Santos, do 2º ano do ensino médio, conta que a transformação não ocorreu apenas no ambiente escolar, mas, também, nos próprios alunos: “Aprendemos a valorizar o que é nosso, um bem coletivo. Nos sentimos agentes de transformação, isso nos causou um bem enorme”, relata. A aluna Valdiceia Saturnino, do 2º ano do ensino médio, reforça: “todos nós ganhamos com a socialização em outras unidades escolares, [ganhamos] reconhecimento externo, melhorias no aspecto físico das salas e o crescimento da responsabilidade social”.
“Percebemos que a cadeira é parte do patrimônio da escola. Com a reforma, mostramos o nosso empenho e comprometimento social. E eu aprendi o significado de sustentabilidade, a força do trabalho em equipe e a valorizar ainda mais o patrimônio público”, relata Patricio. Para a professora Elaine, “a ação é uma atitude simples, voluntária e coletiva que ensina e beneficia significativamente tanto a escola quanto o próprio estudante”.
Preparar, apontar, reformar!
O projeto “Era uma vez uma cadeira desprezada” começou em 2015 e os primeiros alunos a se envolver foram os do 1º ano do ensino médio. Pouco tempo depois, estudantes de diversas turmas e idades se sentiram sensibilizados e começaram a contribuir com a restauração das cadeiras. Além da restauração, o projeto envolveu atividades como leituras sobre o tema sustentabilidade e cidadania, avaliação das condições físicas da escola e realização de diálogos sobre a importância da preservação do patrimônio escolar.
Segundo Valdiceia, um dos desafios enfrentados foi a ausência de materiais de baixo custo para dar início à reforma. “A escola não possuía tantos recursos e recolher retalhos de costureiras para aplicar nas cadeiras foi uma saída bem simples e criativa”, lembra a jovem. Neste sentido, os alunos recorreram a materiais como: retalhos coloridos, fuxicos, renda, revistas em quadrinhos, adesivos, entre outros. As cadeiras restauradas agora ficam no pátio e na sala de leitura para uso de todos.
No ano passado, o projeto ganhou o prêmio “Juventude em Ação”, da Secretaria da Educação do Estado da Bahia. E, para a aluna Ana, as ações não param por aí. “Queremos divulgar mais nas redes, participar de eventos pedagógicos, fazer oficinas em escolas, estimular outros alunos e reivindicar que os órgãos competentes nos ajudem a continuar as atividades”, defende.
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