‘Com 5 anos ela consegue elaborar que uma roupa não a faz menino’

O debate em torno de questões ligadas à infância e gênero dividem opiniões. O medo de que um filho cresça ‘diferente’, de que seja julgado e sofra por ser quem é, ou que seja influenciado na formação de sua identidade e sexualidade, são preocupações frequentes que orbitam os pensamentos das famílias.

Em texto publicado no site Não me chamo mãe, a mãe e pedagoga Raquel Petersen fala sobre essa temática, e sobre como sua filha a ensinou uma lição importante sobre o tema.

Raquel começa o texto contando como, antes de sua filha nascer, pensava sobre os valores que iria transmitir à sua filha, e sobre como a vida trouxe novos ensinamentos sobre o tema.

“Minha filha entrou num modo de rejeição total ao que era dito ‘de menina’. Isso significa que ela começou a buscar elementos da performance masculina para se legitimar, de usar bermuda a querer ter pinto para jogar futebol. Ela começou um processo aos 4 anos que a maioria das meninas fazem na pré adolescência, querer se “masculinizar” para… Olha, sinceramente não sei para que. Para aceitação? Para andar com a galera? Para ser reconhecida? Ser diferenciada? No fim, tudo se resume ao famoso “auto-ódio ao corpo” que é nutrido na gente desde a mais tenra idade, no qual uma mãe feminista não a blindou, por sinal”, disse.

xxxxx

Mais do que acolher a filha pequena em suas experimentações e formas de expressão, o desafio que se apresentou a essa mãe foi outro: instrumentalizar a filha para que ela possa elaborar as críticas que receberá já na infância, e ao longo de sua vida, e argumentar e responder ao mundo.

“Eu estou criando uma criança para viver em sociedade, né? Como posso fazer com que ela saiba que ela não está errada, que como ela se sente é legítimo? Do alto dos seus quase 5 anos ela consegue elaborar que uma roupa não a faz menino, uma brincadeira não a faz menino, e vem a questão que estou até agora tentando elaborar para poder responder a ela: ‘Mãe, por que as pessoas não conseguem entender que isso não muda nada?'”

Com informações de Meu nome não é mãe.

Leia também: