Jovens usam autores nordestinos para falar sobre falta de água
“Moramos em comunidades vizinhas e todos estavam sofrendo com a falta de água no local. Várias cisternas tinham secado, algumas famílias estavam indo pegar água longe e outras estavam comprando água de caminhão pipa”. A história poderia fazer parte do enredo de obras literárias como “O Quinze”, de Rachel de Queiroz, “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos ou “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, mas é o relato de Renan Sampaio, 18 anos, da Escola Estadual Padre Rodolfo Ferreira da Cunha, de Trairi (CE).
Provocados pela crise hídrica que afetou todo o país em 2014 e, consequentemente, pela situação de escassez vivida pelas famílias, os alunos decidiram utilizar obras literárias que relatassem o problema das secas. “Vimos que na grade do ensino médio tinha muitos livros que abordam o problema da água. A professora de português gostou da ideia de utilizarmos [as obras para pensarmos a falta de água na comunidade] e juntamos tudo”, lembra Renan.
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Realizado pelos estudantes do 1º ano do ensino médio, o projeto contou com diferentes ações. “Primeiro fomos entender questões geográficas das chuvas, estudar as obras literárias, poesias de Patativa do Assaré, músicas de Luiz Gonzaga e outras obras que conseguimos encontrar”, conta Renan. Após o estudo inicial, os alunos realizaram também pesquisa com a comunidade sobre sua relação com a água e o seu uso, documentário com idosos da região registrando técnicas utilizadas para captar água, seminários, palestra para a comunidade e concurso de redação sobre o tema.
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De acordo com Renan, o concurso de redação foi um marco do projeto, motivando, inclusive, uma outra escola da cidade a criar “um sistema que reaproveita a água descartada no bebedouro para molhar as plantas”. Segundo a professora orientadora do projeto, Francisca Veronice Ferreira, o concurso que teve como tema “Crise da água, crise da humanidade” “envolveu, também, alunos do 9º ano do ensino fundamental de escolas municipais do distrito”.
O projeto que foi batizado de “A literatura engajada no uso consciente dos recursos hídricos” mobilizou toda a comunidade escolar e ficou em primeiro lugar na feira de ciências da escola. Renan garante que o resultado ultrapassou suas expectativas e de seus colegas: “a gente não estava mais preocupado em vencer. Estávamos muito gratos por tudo que tínhamos feito, mas [a feira] foi um super incentivo”.
Com aumento da chuva e com o enchimento de poços e reservatórios que atendem a cidade, o projeto deixou o legado de conscientização quanto ao desperdício e de reflexão sobre os problemas da comunidade. “Além do conhecimento literário, conseguimos trazer uma mudança de hábitos para a comunidade”, conclui Renan.
Confira a reportagem completa no Criativos da Escola.
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