O que significa proporcionar o brincar livre?
Pode parecer loucura, mas uma creche norueguesa, Gjøvik barnehage, retirou todos os brinquedos das salas de aula. Para brincar, as crianças passaram a ter disponíveis apenas caixas de papelão, mantas e a natureza, na área externa da escola. E os resultados dessa mudança foram impressionantes: crianças mais criativas usando sua imaginação para brincar livremente e criar novas brincadeiras independentes de quaisquer objetos. A partir da experiência, a escola resolveu adotar cada vez mais tempo para que as crianças brinquem livremente.
Mas, o que, afinal, é “brincar livre”? Em poucas palavras, a criança está brincando livremente quando desenvolve uma atividade lúdica livre de direcionamentos, regras, imposições, estímulos intencionais e objetivos de aprendizagem, como o exemplo que a escola norueguesa demonstra. E não existe formato ou padrão para um brincar livre, o que existe é deixar a criança explorar sua criatividade, em seu próprio tempo e termos, e criar sua própria brincadeira.
Sem qualquer estímulo, aquele canto da sala pode se transformar em uma aventura fantástica, as flores do jardim podem ganhar vida e se transformarem em fadas, e aqueles brinquedos podem se reunir para um chá da tarde cheio de conversas e risadas. Na brincadeira livre tudo é possível e a imaginação da criança é seu maior combustível. Quando falamos em brincar livre, a brincadeira é um meio, mas também um fim.
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Agora, em um mundo onde as crianças recebem cada vez mais estímulos, seja da televisão, seja da escola ou da própria família, como fica o brincar livre? Se, de um lado estímulos específicos são importantes para seu desenvolvimento (motor ou cognitivo, por exemplo), de outro o ócio criativo, e até o tédio (por que não?) também são importantes para as crianças.
Na contramão do modo de vida das cidades grandes, sem pausas para momentos de contemplação, o Movimento Slowkids levanta a bandeira da desaceleração, da brincadeira livre e em contato com a natureza. Com eventos pelo Brasil, o movimento defende que, para as crianças se desenvolverem de maneira plena e possam se conhecer e investigar seus interesses, capacidades e emoções, é preciso respeitar seu tempo de descobrir, observar e experimentar.
No final das contas, será por meio de vivências plenas, calmas e afetivamente significativas, que as crianças crescerão de forma saudável e aprenderão a se relacionar com outras pessoas e com o mundo.
“É no brincar e talvez apenas no brincar que a criança ou o adulto fluem sua liberdade de criação e podem utilizar sua personalidade integral e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu” (D. W. Winnicott. O Brincar e a Realidade. 1975).