Para ler e conversar com as crianças: livros que falam sobre a morte

05/04/2016 18:37 / Atualizado em 07/05/2020 02:50

A leitura abre portas e caminhos para as crianças pensarem e discutirem novas ideias. Por isso, os livros e as histórias podem ser aliados importantes na hora de falar sobre temas delicados, os quais, muitas vezes, os adultos têm dificuldade em abordar, como a morte.

A seguir, confira uma seleção de livros com resenhas feitas pela Daisy, mãe do Francisco e autora do blog A Cigarra e a Formiga. São livros lindos, que vão mexer com crianças e adultos, despertar novas perguntas, também encher o peito de saudade e emoção:

Harvey – como me tornei invisível

Esse é um livro para crianças mais velhas, acima de 9 anos, mas que também vai emocionar os adultos. Na história, o menino Harvey e o irmão Cantin perdem o pai. Chegam em casa depois de brincar e deparam-se com a ambulância levando o corpo, a mãe as prantos – e então Harvey (o livro é na voz dele) tem que lidar com a ausência do pai. Entrar em casa, encarar o ambiente vazio (Harvey, entre outras coisas, não entende como o carro do pai ainda está na garagem se ele não está lá), a solidão da primeira noite. Harvey vai se sentindo pequeno sem o pai, se tornando invisível. As ilustrações acompanham a história lindamente – e ao folhear o pequeno livro, a sensação é de estar acompanhando um filme. Emocionante, triste, bonito demais.

A preciosa pergunta da pata

É um livro bacana de ler com os mais pequenos (no site da editora a indicação é a partir de 1 ano). A autora do blog conta que leu o livro algumas noites seguidas com seu filho pequeno, a pedido dele, e aproveitou para conversar sobre o tema com ele. Na história, uma pata acaba de perder um filhotinho, e comparece a uma reunião onde os bichos debatem assuntos difíceis querendo saber para onde vamos quando não estamos mais aqui. Cada um dá sua resposta, conforme o que imagina – o rio vai virar mar, o sol não vai sentir mais tanto calor, o rato voltará enorme como um elefante. Apesar do assunto difícil, o livro é leve, fácil de ler.

O pato, a morte e a tulipa

Nessa história, um dia o pato percebe que há uma senhora caveira andando junto dele  – já fazia tempo que ele não se sentia muito bem, e ele resolve perguntar o que ela faz por ali. Ela então responde que é a morte – e diz que anda por perto, na verdade, desde que ele nasceu, mas que agora é hora de levá-lo. O pato fica inconformado, não quer ir embora – e a morte, com muita calma e paciência, vai o acompanhando e respondendo suas perguntas. Os dois se tornam amigos próximos – chegam a dormir abraçados, o pato aconchegado à morte. Até que ele não acorda. No final, a morte deita o pato sobre o rio e dá um leve empurrãozinho.

A grande questão

Do mesmo autor e ilustrador do livro ‘O Pato, A Morte e a Tulipa’, o livro traz como grande questão a pergunta: afinal, por que estou aqui? A cada página dupla, um personagem diferente responde. O gato tem sua resposta, o soldado, o coelho – e também o pato e a morte, personagens do livro anterior. Algumas são cômicas, outras emocionam, todas são criativas e acompanham uma ilustração divertida. O comilão diz: “você está aqui para comer bem, aí está o porquê.”; a pedra: “você está aqui para confiar”; a morte: “você está aqui para amar a vida”.

Fico à espera

Este é um livro bastante diferente. Primeiro, por conta do formato: tem a forma de um envelope, retangular – o que desperta a curiosidade. Dentro dele, ilustrações delicadas e um fio de lã vermelho, que percorre o livro todo e acompanha a vida de um garoto: sua infância, adolescência, fase adulta e velhice. A cada momento, uma espera: ele está à espera e crescer, do beijinho de dormir, da partida do trem, da guerra, do nascimento do filho.

Eu me pergunto…

Escrito pelo mesmo autor do best-seller ‘O mundo de Sofia’, o livro é recomendado a crianças um pouco maiores, e também um convite à filosofia. Traz perguntas como ‘O que é o tempo?’, ‘Tudo que já aconteceu desaparece para sempre?’, ‘Foi Deus quem criou os seres humanos?’, ‘Ou fomos nós que criamos esse Deus em nossas cabeças?’, por exemplo.

O anjo-da-guarda do vovô

 
 
As ilustrações e o texto se complementam, e está nos desenhos um detalhe precioso: o avô vai contando o que já fez durante a vida, das coisas que aprontou, do que passou. Mas em cada situação de perigo pela qual ele passa, um anjo o acompanha, zelando pela sua vida: segura um ônibus que quase o atropela, ajuda ele a carregar peso, afasta nuvens chuvosas, até faz papel de cupido. No final, o vovô fecha os olhos – e seu anjo agora segue acompanhando o netinho, sem que ele perceba.