Por que os pediatras estão se especializando em stress infantil?

“A infância está intoxicada, cronicamente estressada. O estresse é o ‘vírus’ mais difundido hoje no planeta e as consequências são visíveis na faixa etária que vai até 12 anos”. As informações são do professor titular da Universidade de Brasília (UnB) Dioclécio Campos Júnior, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, diretor de Desenvolvimento da Educação em Saúde do Ministério da Educação (MEC) e o primeiro brasileiro a presidir o Global Pediatric Education Consortium (GPEC), consórcio mundial de educação pediátrica, em entrevista ao O Globo.

Há pesquisas que mostram que crianças vítimas de abusos, negligenciadas, chegam à fase adulta com distúrbios e doenças diversas, como as cardiovasculares, deficit de memória, incapacidade de aprendizado, comportamentos agressivos.

Estresse infantil.

Com as todas essas mudanças, os pediatras também precisam se reinventar. Em março de 2017, concluem a residência 90 médicos formados na Universidade de São Paulo (USP), no Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio (HSE), no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, em Recife, na UnB e no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. São as primeiras turmas treinadas durante três anos nessa especialidade (e não mais em apenas dois, como antes), com um currículo internacional que tem o Brasil como pioneiro e a lógica aprovada em 2012 pelo GPEC, aliança que reúne sociedades de países como China, Japão, Alemanha e Brasil, as academias americana e europeia, além da Associação Internacional de Pediatria, entre outras organizações relevantes de cerca de 50 países.

As principais causas de mortalidade do adulto podem ser prevenidas com modificações nos hábitos das crianças, com uma nova cultura alimentar e o reconhecimento de que várias etapas da formação pediátrica estavam sendo negligenciadas. Ao longo dos três anos, o residente terá a oportunidade de aprender a interagir com todas as idades da faixa pediátrica, bem como de acompanhar crianças com doenças crônicas, como alergia, asma, câncer, diabetes, e vítimas de bullying ou outras formas de violência. O currículo do GPEC estabelece ainda o treinamento em outras habilidades e competências, como a ética, a advocacia da saúde e os direitos da criança e do adolescente.

Criança e natureza

Muitos estudos já comprovaram que o aparecimento das ‘doenças modernas’ como déficit de atenção e hiperatividade, surgem da falta de contato com a natureza”. É o que o jornalista e escritor Richard Louv chamou, em 2005, de transtorno de déficit de natureza.

Com informações de O Globo