Seu filho precisa da sua ajuda para entender política e cidadania

21/03/2016 20:53 / Atualizado em 07/05/2020 02:41

 
 

Independente do posicionamento ou partido político, estamos em um momento fértil para falar sobre cidadania, liberdade e respeito com as crianças. Os jornais, rádios e TVs noticiam a todo momento fatos políticos e protestos por todo o país. No meio disso tudo, estão as crianças, observando e absorvendo tudo que a sua volta.

Por isso, é necessário ajuda de um adulto responsável para mediar e ajudar a entender o que está acontecendo na política. A blogueira Grace Barbosa, autora do Mãezissima, reuniu algumas famílias para contar a experiência de como têm lidado com esse tema. “Essa pode ser uma excelente oportunidade de formar uma geração mais consciente e correta, também quando o assunto é política”, comenta Grace.

“Tenho certeza que seu filho, mesmo que não faça perguntas objetivas, também está curioso para entender o que está acontecendo. Aproveite esse momento fértil para passar conceitos positivos:.

  • Não use frases de violência;
  • Não use xingamentos ao se referir a pessoas contrárias a sua posição ideológica;
  • Fale sobre a necessidade de conviver respeitosamente com todos, inclusive aqueles que não concordam com você. Ensine sobre respeito ao outro;
  • Aja de forma pacífica, mesmo em casa assistindo aos noticiários;
  • Tenha paciência para responder aos muitos porquês;
  • Mostre esperança e confiança no futuro.

Confira os depoimentos

Ana Luísa Pereira 

Minha ideologia é de esquerda. Sempre foi. Hoje não consigo defender ninguém, a não ser um estado democrático e um judiciário parcial. Enfim, mas vejo que as crianças são um reflexo do que se vê em casa e o que eu estou vendo é só ódio. Sempre amei política e cresci em um ambiente que transpirava política. Meus filhos escutam sobre política o tempo todo e aqui vão alguns comentários que ela me conta que suas amigas falam: ‘A Dilma é uma baleia, a Dilma tinha que morrer, a Dilma é uma mulher muito feia, porque seus pais votaram nela?’ Enfim, disso pra pior. Ou seja, realmente precisamos de pais conscientes para conversar sobre política. Não é uma questão de ódio, é uma questão de ideologia, de posicionamento, de pesquisa, de reflexão.  Independentemente de ser contra ou a favor, há que se instruir as crianças, e não pregar o ódio.  Minha filha já veio me dizer que sente vergonha por nós sermos de esquerda, e isso é muito errado. Há realmente que se conversar sobre política. mas com consciência e sabedoria.

Cristiane Souza, escritora infantil e empreendedora

Aqui em casa também tenho conversado sobre política com as crianças. A conversa não tem bem uma pauta, mas criei oportunidades para refletirmos sobre o fazer política e aí inseri os acontecimentos atuais. Como sou fã de literatura, especialmente a infantil, começamos a conversa assistindo a contação do livro “Quem manda aqui”, no canal da “Fafá conta – contadora de histórias“. Foi muito legal ouvir a opinião deles. Assistimos umas quatro vezes porque eles queriam confirmar os argumentos. Além disso, inspirada por uma matéria e pesquisa que falava sobre alunos que passavam ou pediam cola, colocavam o nome ou de amigos nos trabalhos, e vários outros comportamentos não muito legais acontecidos na escola, conversamos no carro, na volta da escola, sobre corrupção e omissão, o famoso medo de ser “dedo duro”, de sofrer bullying, intimidações. Sobre coragem, sobre força, sobre certo e errado. Falamos até sobre Deus. Um deles fez até uma musiquinha! Mas eu já esqueci. Não existe revolução que não venha de dentro.

Franco Iacomini, articulista econômico, pai e teólogo

Lá em casa a gente não esconde as coisas da política da turminha tentamos explicar da melhor maneira e acho que os meninos são bem politizados para a idade. O Luca, inclusive, tem algumas posições que são diferentes das minhas. Mas é legal. Uma coisa que costuma funcionar é comparar as situações da política com a casa da gente ou com a escola vale pra economia também. Pedalada fiscal, por exemplo, é usar para uma coisa dinheiro que deveria ser usado para outra. Se a gente comprar uma bicicleta com o dinheiro que estava guardado para pagar a conta da luz, como é que fica? Vai faltar dinheiro e nós vamos ficar sem luz. Mas pra fazer essas comparações tem que pensar um pouco antes, planejar, para fazer certo. Se não a gente corre o risco de dar uma explicação errada ou não ter resposta para uma pergunta da criança.


Mirussia Remuszka – empreendedora na Comemore Sempre

Aqui em casa tenho dois meninos alegres e de ouvidos atentos: Há uns 15 dias eles começaram a dizer que a Dilma tinha que sair e que eles Odiavam o Lula!Estranhei esse repertorio e aprofundei o dialogo. Por que vocês não gostam, o que aconteceu? Tudo para entender o que eles sabiam do assunto. A resposta me fez segurar o riso: – “Só falam de Lula e Dilma na televisão. A gente nem pode mais assistir desenhos!” Expliquei que todos tem direito de gostar ou não mas que precisamos assumir nossos erros. As pessoas na rua estavam muito bravas mas que isso ia passar quando a situação fosse resolvida. Confesso que a explicação foi suficiente até ontem, (risos), dia do Ministro, não- ministro, ministro de novo. E segue o barco!

Luciana Ivanike – Empreendedora na Carinho de Pano

Sou mãe de três meninas com, respectivamente, dez, cinco e três anos. Desde as manifestações de 2015 explico para elas, e principalmente para a mais velha, que estamos exercendo nosso direito de manifestar nosso descontentamento. Tenho explicado que cada um tem o direito de manifestar se é contra ou a favor e que precisamos respeitar a opinião do outro.  Acho, que não podemos florear muito, mas se para mim já está tudo muito confuso, para eles seria até traumatizante!