Violência no RJ condena rotina de crianças nas escolas

19/07/2017 15:13

“Toda vez que você ouvir um barulho alto, corre que é a hora do abraço.” Dessa maneira Kelly Santos, moradora da Favela da Maré, no Rio de Janeiro, orienta seu filho de três durante os tiroteios quase diários. “É a forma que eu encontrei de tentar preservar ao máximo a infância dele”.

A jornalista Ana Basílio conversou com a mãe e com especialistas em desenvolvimentismo infantil para discutir a violência na cidade do Rio de Janeiro. Dados da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro revelam que, do início do ano letivo ao dia 12 de julho, 382 escolas das 1537 da rede foram fechadas pelo menos um dia por conta da violência, deixando 129.504 alunos sem aula em toda a cidade. As regiões de Acari e da Maré são as que mais acumulam dias sem aula. O desafio, claro, se projeta muito além das escolas e pede respostas urgentes das políticas públicas. De 2011 a 2015, o Brasil registrou mais mortes violentas do que a Síria, país efetivamente em guerra.

De 2011 a 2015, o Brasil registrou mais mortes violentas do que a Síria, país efetivamente em guerra.
De 2011 a 2015, o Brasil registrou mais mortes violentas do que a Síria, país efetivamente em guerra.

Em um dos episódios de violência nas escolas do Rio de Janeiro um professor Roberto Ferreira foi tido como herói. Um tiroteio na comunidade de Três Pontes, no Rio de Janeiro, interrompeu a rotina de sua aula na escola Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) Roberto Moreno, localizada no bairro de Paciência, zona oeste da capital carioca. Diante do susto das crianças e da situação de vulnerabilidade em que se encontravam, o pedagogo e professor de música resolveu tomar a única atitude cabível daquele contexto: amenizar o medo. Ele sacou o violão e começou a tocar e cantarolar para acalmar os alunos. Veja aqui.

Para o terapeuta social e educador Reinaldo Nascimento, presidente da Associação da Pedagogia de Emergência no Brasil, a arte pode ser um bom aliado para diminuir os traumas causados pela violência. “Claro que a situação é super delicada, mas é uma maneira de fortalecer outras memórias nessas crianças, que não as da violência. É uma forma das coisas belas tornarem-se mais fortes do que as coisas feias.”

Segundo Nascimento, que tem experiência em territórios de guerra como Faixa de Gaza, Síria e Iraque, crianças expostas frequentemente a situações de violência podem desenvolver sintomas e comportamentos inesperados ou até evoluírem para casos clínicos, como síndrome do pânico. Leia aqui a matéria completa.

Com informações de Carta Educação