5 cantores brasileiros contemporâneos que brincam com a feminilidade

04/03/2016 12:42 / Atualizado em 07/05/2020 02:28

 
 

Vestidos, saias, turbantes, maquiagem, sensualidade e, por vezes, agudos capazes de impressionar toda uma orquestra, inclusive as sopranos. Somado a isso, frases, discursos e apresentações que ecoam como uma bomba para alguns membros da tradicional família brasileira. Mas qual a relevância disso?

Cinco cantores brasileiros da atualidade transitam entre o universo feminino e masculino de uma maneira deliciosa. Num mundo (por vezes ainda utópico) que caminha cada vez mais para a liberdade entre os gêneros, a visibilidade desses artistas pode influenciar positivamente não só a cena musical, mas também a sociedade de uma maneira geral. Aperte o play e leia algumas das suas declarações.

Video: https://www.youtube.com/watch?v=M4s3yTJCcmI

LINIKER: “As pessoas precisam saber que eu sou negro, pobre, gay e posso ter uma potência também. Sou um artista que se expressa assim. Então, se você está aí, se sente reprimido e tem vontade de colocar seus demônios para fora, mostrar quem você realmente é, coloque-se. Esse é um dos meus maiores desejos como artista desta geração. (…) O corpo é meu. Eu que tenho liberdade sobre ele. Se tenho minha inteireza, por que você quer colocar seu bedelho em mim? Quem é você para ditar regras que eu tenho que seguir? Cada um é cada um, cada corpo é uma história”. – Entrevista para El País.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=3ZaOZInmSDo

JOHNNY HOOKER: “A música é muito machista e controlada pelo produto, por coisas que dão dinheiro. As pessoas que chegam com apresentação forte, maquiagem, brincadeira com gênero, com personagens, às vezes são recebidas com muita falta de respeito. (…) O meio da música é muito machista. Você só encontra mulheres como cantoras. É difícil encontrar em outras funções ou instrumentos. Estou muito inspirado também pelo tema, porque fui assistir a Mad Max e estou apaixonado por Furiosa. O mundo está mudando e sempre vai ter essa primeira reação de quem quer empurrar a roda da história para trás. Mas a roda vem com tudo e eu venho com ela”. – Entrevista para Diário de Pernambuco.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=wUWNEFj5HQg

FILIPE CATTO: “As pessoas sempre tentaram me encaixar em um estereótipo, porque era muito difícil pra elas entenderem minha voz. Pra mim, por exemplo, o fato de não me montar era a transgressão maior, porque tudo que se esperava de mim era exatamente que eu correspondesse a uma imagem feminina nas roupas e na maquiagem pra justificar minha voz andrógina, mas sempre achei que no meu caso isso seria redundante, clichê. O mais importante quando falamos de quebrar os paradigmas do gênero é questionar esses padrões pré-concebidos. No meu caso, as pessoas precisavam desesperadamente de uma “fantasia” porque o choque de realidade era muito confuso, muito fora do padrão. O repertório era fora do padrão, as referências eram fora do padrão. Nunca me senti exatamente encaixado, mas isso me fez achar um maneira própria de viver e de me expressar. Tem, sim, que se vestir como quiser, tem que se expressar como quiser, amar quem e como quiser. Não é mais uma questão de sexualidade, mas de identidade, e quando falamos de identidade estamos falando de liberdade, de originalidade. Com a musica aprendi a me expressar na minha maior diferença, e ali descobri que essa singularidade era minha melhor arma pra enfrentar o preconceito e a ignorância”. – Entrevista para Eaí?¿.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=uexsd00ep40

JALOO: “Sobre o meu visual, estou desconstruindo essa mítica do ‘bom selvagem’. Atualmente estou observando esses seres da floresta, que pintam a cara e saem fazendo ‘bububú’ nas baladas. Eles estão mais plastificados, montados e amontoados que a Barbie Califórnia. Então, vendo essas coisas, eu pensei: porque não plastificar literalmente esse ‘bom selvagem’ ou ‘mau selvagem’? – Entrevista para  Diário do Pará.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=tQ_2iTybtaI

RICO DALASAM: “As pessoas polemizam e tratam como algo muito lá para frente. Só que é muito natural. Se você vir gay indo em show de rap, naturalmente vai ter gay produzindo cultura. Mas já era para ter uns 10, era para ter um monte de gente fazendo. Ninguém pega na mão de ninguém e fala ‘vem’ em movimento nenhum. A pessoa tem que construir o espaço dela é o que eu estou fazendo”. – Entrevista para G1.

 
 

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