5 desafios para transformar o futuro da educação no Brasil
Confira pesquisa Profissão Docente, encomendada pela ONG Todos Pela Educação
Em 1977, durante uma palestra, o antropólogo Darcy Ribeiro cunhou a célebre frase que, ainda hoje, 41 anos depois, resume o cenário do sistema de ensino nacional: “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é projeto”.
Com cerca de 2,2 milhões de professores, a profissão mais numerosa do país está dentro das salas de aula. Apesar disso, metade dos docentes não recomenda a própria profissão – sobretudo, por conta da desvalorização. É o que mostra a pesquisa Profissão Docente, encomendada pela ONG Todos Pela Educação e Itaú Social e realizada pelo Ibope Inteligência em parceria com a Conhecimento Social.
O levantamento entrevistou 2.160 professores da Educação Básica das redes públicas municipais e estaduais e da rede privada e abordou assuntos sobre carreira, formação inicial e continuada, trabalho colaborativo e gestão escola.
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1. Problemas vêm de cima
Em meios aos desafios que permeiam a rotina dos profissionais da área, dois pontos foram apontados como destaque na pesquisa: maior oferta de qualificação profissional e participação nas discussões e construções das políticas públicas.
Além disso, 59% indicam que as secretarias de Educação não estão efetivamente preocupadas com a melhoria da aprendizagem dos alunos. Para 66% dos docentes, os programas das pastas não estão alinhados com a realidade das escolas; 63% acha que as secretarias falham em dar continuidade a bons programas e 65% entendem que os governos não costumam realizar ajustes em seus programas quando estes não funcionam bem.
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2. Falta de reconhecimento e insatisfação profissional
Sem em muitos estados docentes não recebem sequer o piso salarial, não à toa, 33% dos entrevistados se mostram totalmente insatisfeitos com a carreira. Desvalorização (48% das respostas), má remuneração (31%), rotina desgastante (15%) e falta de infraestrutura e recursos (13%) são as questões mais indicadas.
Sobre a necessidade de serem ouvidos, 64% indicam criticam a comunicação entre os professores e a secretarias de Educação. Para 72%, o envolvimento dos professores nas decisões sobre os rumos da política educacional não é bem recebido pelos governantes.
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3. Participação nas políticas educacionais
A cada três professores, dois apontam qualificação continuada (de professores que estão na escola) e escuta dos docentes para a formulação de políticas educacionais como as principais medidas para valorizar a profissão.
Pedem, além de aumento salarial (62%), urgentemente mais formação continuada (69%); escuta para a formulação de políticas educacionais (67%) e a restauração da autoridade e do respeito frente à comunidade escolar (64%).
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4. Materiais didáticos e tecnologia em sala de aula
Dos cerca de 48,6 milhões de estudantes da educação básica registrados pelo Ministério da Educação, apenas 17% recebem o material didático no primeiro dia de aula. Diante deste cenário, 77% dos professores desejam mais recursos digitais e 73% indicam a necessidade de materiais de apoio para implementar o currículo.
Em relação a recursos tecnológicos e uso da internet nas escolas, o índice de reprovação chega a 60%. Quanto à infraestrutura das escolas, a insatisfação foi apontada por 47% dos entrevistados. .
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5. Melhores salários e condições de trabalho
Reajuste salarial, melhores critérios para progressão na carreira, aposentadoria e, sobretudo, apoio à saúde são outros pontos destacados pelos profissionais ouvidos na pesquisa. Segundo cálculo do governo federal divulgado no ano passado, a média salarial da categoria é de R$ 3,3 mil. Para reverter esse quadro de desvalorização, 62% apontam a necessidade de pagar maiores salários. Quase um terço dizem que realizam alguma atividade extra para completar a renda.