7 marchinhas contra assédio para deixar o Carnaval mais feminista
"Não vem / Que aqui não tem / Não tem pra ninguém / Se eu não quiser / Meu bem, / Meu corpo / É só meu / E de quem eu quiser", diz uma das músicas
Vai ter marchinha feminista no Carnaval, SIM! Se antes a folia era dominada por letras machistas, racistas, homofóbicas e transfóbicas, hoje muitas compositoras e compositores estão criando músicas contra qualquer tipo de violência e preconceito.
Abaixo, o Catraca Livre selecionou sete marchinhas contra o machismo e o assédio sexual para cantar no Carnaval:
- “Chiquinha Toca Uma” – composta por Luísa Toller e interpretada pelo grupo Vozeiral
“Chiquinha Gozava e o povo apontava / Chiquinha Gozava e o povo apontava / ‘Onde já se viu prazeres como tais?’ / Deixa a mulher tocar em PAZ!”
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A mais recente delas fala sobre Chiquinha Gonzaga, que, em 1889, compôs a primeira marchinha para o Carnaval, “Ô abre alas”, em uma época na qual as ruas não “eram lugar de mulher”. Ela foi compositora, pianista e maestrina e responsável por mais de duas mil canções populares.
Composta por Luísa Toller, colunista d’AzMina, e interpretada pelo grupo Vozeiral, a marchinha “Chiquinha Toca Uma” recebeu dois prêmios no concurso do Bloco Nóis Trupica Mais Não Cai. A música foi 1º lugar no voto popular e 3º lugar pela escolha do júri.
O vozeiral é composto por: Val kimachi, Naima kimachi, Rita Maria Brandão, Marina Teles, Ana Luiza Caetano, Amabile Barel, Raíça augusto, Daniela Alarcon e Luisa Toller. Assista:
- “Não Vem Se Eu Não Quiser” – Nem Secos
“Não vem / Que aqui não tem / Não tem pra ninguém / Se eu não quiser / Meu bem, / Meu corpo / É só meu / E de quem eu quiser.”
A marchinha “Não Vem Se Eu Não Quiser”, do grupo Nem Secos, foi uma das finalistas do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, que aconteceu neste domingo, dia 4, em Belo Horizonte (MG). A música chama atenção para o problema do assédio no Carnaval, que é um assunto sério, usando um tom bem-humorado.
Segundo o compositor, Carlos Linhares, esta é uma oportunidade para chamar a atenção do folião de que o direito dele termina quando começa o da outra pessoa. “Mais do que nunca, a questão do assédio deve estar em pauta, sobretudo no carnaval, quando muitos foliões se aproveitam do clima de liberdade para ferir a liberdade de outra pessoa com cantadas invasivas e atitudes desrespeitosas, dando dimensão ainda maior ao grande problema que as mulheres já tem que enfrentar cotidianamente”, diz o músico.
“Não Vem Se eu Não Quiser” foi gravada no Centro Cultural Nem Secos com produção de Luã Linhares e a participação de Leonardo Clementine (guitarras e baixo), Pablo Campos (bateria e surdo), Carolina Claret (voz) e Talita Cordeiro (voz). Ouça a música:
- “Marchadelas” – Maíra Guedes, Carla Vizeu e Sheila Sanches
“Eu hoje vou pular meu Carnaval / Com a roupa que eu quiser, não leve a mal / Se eu vou de burca, ou fio dental / Não me cutuca, usa a cuca ou quebro o pau / Se eu te sorrio, é natural / A gentileza deveria ser normal.”
Escrita por três mulheres – as compositoras Maíra Guedes, Carla Vizeu e Sheila Sanches –, a música “Marchadelas” é um dos muitos gritos que ecoam pelo país contra o assédio sexual no Carnaval.
A marchinha usou como referência casos de assédio que aconteceram recentemente em Campinas (SP), e foi apresentada e selecionada no ano passado para a final do 1º Festival de Marchinhas do Tonicos Boteco, um tradicional bar da cidade no interior paulista. Confira:
- “Se Você Quiser” – Chico César e Bruna Caram
“Se você diz não, eu sei que é não (ô se é não). E que só é sim, se assim você disser. / Não importa o que é que você vai vestir, eu não vou te tocar sem você consentir.”
Também em 2017, foi lançada a marchinha de Carnaval “Se Você Quiser”, que alerta sobre o problema do assédio sexual na maior festa do rua do país. Interpretada por Chico César e Bruna Caram, a música foi registrada em um videoclipe produzido e editado por uma equipe majoritariamente formada por mulheres.
A letra, de Pedro Abramovay e Gustavo Moura, ainda diz: “beijar, cair na farra é mesmo uma delícia. É que se for na marra, é caso de polícia”. Veja:
- “Mulheres na Marcha” – grupo Vozeiral
“Maria, Maria / Avisa pro João que a luta começa na pia / Maria, Maria / Avisa pro João que a luta começa na pia.”
A música “Mulheres na Marcha” é mais um exemplo de que é possível ter um Carnaval livre de machismo e violência.
Composta em 2017 também pela musicista Luisa Toller e interpretada pelo grupo Vozeiral, a marchinha recebeu três prêmios no concurso do Bloco Nóis Trupica Mais Não Cai. A música foi 1º lugar no voto popular, 2º lugar no júri e também venceu como melhor intérprete. Assista:
https://www.facebook.com/luisa.toller/videos/1562120973801402/
- Paródia #CarnavalSemAssédio – Maíra Medeiros
“Hey, você aí / Tira sua mão daí / Não em aborda assim / Hey, você aí / Se eu não tiver a fim / Para de insistir.”
A youtuber Maíra Medeiros, do canal “Nunca Te Pedi Nada”, publicou no ano passado uma paródia feminista da marchinha carnavalesca “Me Dá Um Dinheiro Aí”. Com letra e voz da própria youtuber, a paródia é sua contribuição para a campanha #CarnavalSemAssédio.
Assista:
- Marchinha do primeiro ano da campanha #CarnavalSemAssédio, em 2016
Campanha #CarnavalSemAssédio
Pelo terceiro ano consecutivo, o Catraca Livre promove a campanha #CarnavalSemAssédio com o objetivo de lutar por respeito na folia e pelo fim da violência contra a mulher. Quem está com a gente: a ONU Mulheres, a ONG Plan International, os blocos Mulheres Rodadas e Maria Vem Com as Outras, as redes Minha Sampa e Meu Recife, os coletivos Nós, Mulheres da Periferia, Não é Não e Vamos juntas? e as prefeituras de São Paulo e Salvador.
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