83% dos jovens vítimas de Mariana têm estresse pós-traumático
Os dados sobre a saúde mental da população foram divulgados por um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)
Nesta segunda-feira, 5, o desastre de Mariana (MG) completa três anos. Além das perdas humanas e impactos ambientais, há outra tragédia na região atualmente: 82,9% das crianças, adolescentes e jovens que foram impactados apresentam sinais de transtorno de estresse pós-traumático. No caso dos adultos, 12% dos atingidos tiveram esse mesmo diagnóstico.
Os dados foram divulgados em abril deste ano por um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) sobre a saúde mental das famílias vítimas do rompimento da barragem.
A pesquisa ouviu 276 pessoas individualmente, sendo 42% crianças e adolescentes, entre 10 e 17 anos. Nessa parcela do levantamento, 91,7% testemunharam o desastre e 8,7% receberam notícias sobre ele.
Além dos dados de transtorno de estresse pós-traumático, o estudo revelou que, entre os jovens, 39,1% têm depressão e 26,1% apresentam ou já apresentaram comportamento suicida. Entre os adultos, 16,4% dos entrevistados tiveram risco de suicídio.
A pesquisa também afirma que 18,2% da população tomam ansiolíticos para dormir e 16,9% utilizam antidepressivos.
O levantamento mostrou, ainda, que 60% dos atingidos dizem sofrer preconceito de outros moradores, pois muitos perderam o emprego devido à paralisação das atividades da mineradora Samarco depois da tragédia.
De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de Mariana, os atendimentos à saúde mental são frequentes desde o rompimento da barragem e são feitos em dois Caps (Centro de Atenção Psicossocial).
A Fundação Renova, criada para administrar as ações de reparação do ocorrido, está desenvolvendo um estudo sobre a saúde mental da população impactada, em parceria com o Instituto Saúde e Sustentabilidade. A conclusão do levantamento está prevista para fevereiro de 2019.