83% dos jovens vítimas de Mariana têm estresse pós-traumático

Os dados sobre a saúde mental da população foram divulgados por um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)

05/11/2018 13:44 / Atualizado em 05/05/2020 12:06

A tragédia na região completa três anos neste dia 5 de novembro
A tragédia na região completa três anos neste dia 5 de novembro - Reprodução/Aliança Rio Doce

Nesta segunda-feira, 5, o desastre de Mariana (MG) completa três anos. Além das perdas humanas e impactos ambientais, há outra tragédia na região atualmente: 82,9% das crianças, adolescentes e jovens que foram impactados apresentam sinais de transtorno de estresse pós-traumático. No caso dos adultos, 12% dos atingidos tiveram esse mesmo diagnóstico.

Os dados foram divulgados em abril deste ano por um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) sobre a saúde mental das famílias vítimas do rompimento da barragem.

A pesquisa ouviu 276 pessoas individualmente, sendo 42% crianças e adolescentes, entre 10 e 17 anos. Nessa parcela do levantamento, 91,7% testemunharam o desastre e 8,7% receberam notícias sobre ele.

Além dos dados de transtorno de estresse pós-traumático, o estudo revelou que, entre os jovens, 39,1% têm depressão e 26,1% apresentam ou já apresentaram comportamento suicida. Entre os adultos, 16,4% dos entrevistados tiveram risco de suicídio.

A pesquisa também afirma que 18,2% da população tomam ansiolíticos para dormir e 16,9% utilizam antidepressivos.

O levantamento mostrou, ainda, que 60% dos atingidos dizem sofrer preconceito de outros moradores, pois muitos perderam o emprego devido à paralisação das atividades da mineradora Samarco depois da tragédia.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de Mariana, os atendimentos à saúde mental são frequentes desde o rompimento da barragem e são feitos em dois Caps (Centro de Atenção Psicossocial).

A Fundação Renova, criada para administrar as ações de reparação do ocorrido, está desenvolvendo um estudo sobre a saúde mental da população impactada, em parceria com o Instituto Saúde e Sustentabilidade. A conclusão do levantamento está prevista para fevereiro de 2019.