A invenção do sorvete de vinagre

Com seis anos de idade, Maria Luiza Ctenas começou a fazer invenções culinárias nas casas das tias em Goiás Velho, com suas dispensas exclusivamente para guardar doces feitos com as frutas do quintal.

A cidade é famosa pelas doceiras, que deixam certas ruas com cheiro doce – essa combinação virou versos de Cora Coralina, poeta e doceira. “São as imagens mais fortes da minha infância.”

Seduzia os pais a provar, muitas vezes a contragosto, as invencionices adocicadas. Adulta, se formou em nutrição e passou a ter como hobby colecionar cadernos de receitas culinárias, todas manuscritas, algumas delas do século 17.

Um dia, ela inventou, em São Paulo, um sorvete de vinagre. E, com ele, ganhou o direito de fazer invenções numa inesperada cozinha, bem diferente do ar artesanal e provinciano das doceiras de Goiás Velho: a cozinha do McDonald’s. A partir daí, começou a rodar o mundo.

Trecho da coluna Urbanidade, publicada no jornal Folha de S. Paulo