Acusado de roubo por uma fã, apresentador do Se Joga quase foi preso
Érico Brás revelou o caso de racismo durante uma live com Fábio Porchat no instagram
Na noite da última terça, 26, Érico Brás, apresentador do programa Se Joga, na TV Globo, participou de uma live com o humorista Fábio Porchat no instagram e revelou um caso lamentável de racismo que já sofreu.
Brás contou que após um espetáculo chamado Bando da Raça, em Salvador, com o Bando de Teatro Oludum, foi embora de imediato para não perder seu ônibus por conta do horário e foi onde o pesadelo começou. Já no ponto aguardando o transporte, ele disse que uma viatura policial o abordou e três pessoas saíram do carro – dois oficiais e uma mulher branca, visivelmente exaltada o acusando de roubar sua bolsa. Depois de acusado, o apresentador respondeu inúmeras perguntas e teve sua mochila revistada, mas só no momento em que revelou ser artista as coisas mudaram e a mulher se tranquilizou.
“Ah menino, é você que faz aquela peça?”, perguntou a mulher. Érico respondeu que era um dos atores principais e apelou para a interpretação do personagem na esperança de ser liberado. “Comecei a fazer a coreografia e ela falou: ‘Não é ele não'”, conta. “Nesse meio tempo, meu ônibus, que era o último, passou no ponto, pegou quem tinha que pegar e foi embora. Eu fiquei sozinho no ponto fazendo o personagem. Os policiais falaram ‘vamos embora’ e eu disse ‘espera aí, meu ônibus foi embora, como eu faço?’. Um dos oficiais respondeu ‘se vira irmão, você é artista. Se vira'”, pontuou Brás.
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Fábio Porchat mostrou-se chocado com tudo que seu colega revelou e não deixou de reforçar. “Falar desse tema é necessário e tem que incomodar mesmo”, disse Porchat. Ao que Brás completou. “Por um momento eu me vi como um escravo, pulando e provando que eu estava apto pra ser liberado. A arte me salvou porque se eu não fosse um artista eu tava fo*@#%, Fábio. O que mais me incomodou foi a autoridade da mulher sobre o Estado porque ela comandava o carro da polícia. São coisas absurdas. É como o João Pedro que estava em casa e tomou um tiro”, completa.
O racismo no Brasil foi apontado por Érico em outros momentos da live. O ator disse que se preparou por meses antes de assumir uma das vagas no Se Joga ao lado de Fernanda Gentil e Fabiana Karla – o programa está suspenso por conta do coronavírus.
Brás acredita que as oportunidades para apresentadores e artistas negros na TV são mais escassas do que nos Estados Unidos, por exemplo, o que dificulta o aumento da representatividade. “Sempre quis ser apresentador, ainda mais no Brasil que não temos muitos apresentadores negros. Na minha infância, eu olhava pra televisão encantado com a voz do Cid Moreira e a imagem da Glória Maria”, conclui. Acompanhe a conversa entre Fábio Porchat e Érico Brás na integra no vídeo abaixo.
https://www.instagram.com/p/CAq2BMjnKbp/
Racismo: saiba como denunciar
Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo. Saiba mais como denunciar e o que fazer em caso de racismo e preconceito neste link.