Acusado de terrorismo, quem é o professor de árabe preso pela PF?

Acusado de envolvimento em supostos atentados terroristas, Vitor Abdullah ministra aulas de árabe pelo You Tube e trabalha na funilaria com o pai na periferia de Guarulhos; sua prisão gerou revolta nas redes sociais

22/07/2016 18:36

Às vésperas dos jogos olímpicos do Rio de Janeiro, que começam no dia 5 de agosto, 11 pessoas foram consideradas suspeitas após investigação da Operação Hashtag, realizada pela Polícia Federal. Todas estão presas e uma delas, menor de idade, apreendida.
Entre eles, Vitor Abdullah, ou Vitor Barbosa Magalhães, de 23 anos, morador da periferia de Guarulhos (SP).

Conforme informações divulgadas pela revista Fórum e Uol, o acusado de envolvimento com supostos atentados terroristas durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro é casado, pai de dois filhos e se converteu ao islã em 2010.

Para pagar as contas, Vitor trabalha com o pai em uma funilaria e também dá aula de árabe pelo You Tube. Há quatro anos passou seis meses no Egito, onde foi convidado para estudar a língua árabe e religião.

Foto tirada em 2010 com uma bandeira que apresentava os dizeres: “não há deus a não ser Deus e Maomé é o profeta de Deus” , que recentemente passou a ser vinculada ao Estado Islâmico e outros grupos fundamentalistas
Foto tirada em 2010 com uma bandeira que apresentava os dizeres: “não há deus a não ser Deus e Maomé é o profeta de Deus” , que recentemente passou a ser vinculada ao Estado Islâmico e outros grupos fundamentalistas

Era a “brecha” que a mídia queria:

No último sábado, 16, a revista Veja divulgou uma foto de Vitor, onde ele aparece com uma bandeira hoje usada por um grupo radical.

O registro, realizado em 2010, expõe um símbolo religioso comum entre os praticantes da religião, que na época não era reproduzido por nenhum grupo fundamentalista.

Na legenda da reportagem, o texto afirmava que 32 brasileiros haviam jurado lealdade ao Estado Islâmico, segundo apuração da própria revista.

Apesar de não ter se preocupado com sua exposição a princípio, Vitor procurou um advogado após orientação de amigos.  “Alguém da Veja viu essa foto, fez uma matéria sem base alguma e publicou. O Vitor ficou sabendo disso através de alguns amigos e ficou revoltado. Ele chegou a falar com um advogado e ia fazer um B.O, porém não deu tempo”, explicou a estudante de psicologia Tamara Solano, que procurou a redação do Catraca Livre para expôr a situação.

Levado ao presídio federal de Campo Grande (MS), a prisão de Vitor e dos outros suspeitos foram amparadas pela recém-promulgada lei antiterrorismo, assinada pela presidente afastada Dilma Rousseff.