Adolescente morre durante mutilação genital no Egito
Embora seja proibida, a prática de mutilação genital feminina ainda é bastante recorrente no país
A jovem Mayar Mohamed Mousa, de 17 anos, morreu no último domingo, dia 29, após ser submetida pelo processo de mutilação genital no Egito, país em que a prática é proibida. Ainda hoje, esse procedimento afeta milhões de mulheres em todo o mundo.
“Isso é algo que a lei proibiu”, afirmou Lotfi Abdel-Samee, representante do Ministério da Saúde na província de Suez, onde o caso aconteceu. Mayar, que é filha de enfermeira com pai cirurgião, morreu por complicações enquanto estava sob anestesia geral em um hospital particular.
De acordo com informações das autoridades, a irmã da adolescente também havia passado pela cirurgia naquele dia. A operação foi realizada por uma médica registrada. Depois da ocorrência, o hospital foi fechado na segunda-feira e todos os pacientes foram transferidos.
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O gerente do local e a equipe médica envolvida no procedimento foram interrogados, além dos pais da vítima.
Proibição
Desde 2008, a mutilação genital feminina é proibida no Egito, mas ainda é bastante comum, principalmente nas áreas rurais, como uma prática religiosa para muçulmanos e cristãos.
No entanto, a pena para quem desrespeitar a lei é baixa. A primeira condenação ocorreu em janeiro do ano passado, com o médico Raslan Fadl, que recebeu sentença de dois anos de prisão por homicídio e mais três meses pela mutilação de uma jovem de 13 anos que morreu durante a cirurgia.
Segundo a Unicef, atualmente existem cerca de 200 milhões de mulheres que sofreram mutilação genital em 30 países, sendo que a metade dos casos se concentra em três nações: Etiópia, Indonésia e Egito.
ONU e Egito condenam morte da jovem
As Nações Unidas e várias instituições egípcias condenaram a morte da garota de 17 anos. Em comunicado, a ONU mostrou seu “profundo pesar pelas informações recentes sobre a trágica morte (ontem) da menina Mayar Mohammed Moussa, na província egípcia de Suez, após ser submetida à mutilação genital”.
A organização também elogiou diversos comunicados do Conselho Nacional da População e do Conselho Nacional da Mulher, no Egito, que denunciaram o ocorrido.
Em nota, o Conselho Nacional da Mulher condenou “o crime horrendo cometido contra a menor de 17 anos, que morreu ontem como consequência da mutilação à qual foi submetida em um hospital privado”. Além disso, pediu a necessidade da aplicação da lei e de um maior castigo às pessoas que causaram a morte da menor.
Embora a prática seja recorrente, de acordo com a ONU, o Egito registrou “avanços positivos na luta contra a mutilação feminina”, e entre 2008 e 2014 houve uma redução de 13% do processo em jovens entre 15 e 17 anos.
Apesar desses dados, “ainda resta um longo caminho para acabar com esta prática perigosa que contradiz os direitos da mulher e das meninas, e que pode ter consequências físicas, psicológicas e inclusive pode chegar a causar a morte”, afirmou o comunicado das Nações Unidas.