Agência acusada de transfobia se redime com conteúdos educativos
O mundo mudou. E há até quem diga que está “chato”. Embora, verdade seja dita, o que hoje é chamado de chatice na verdade nunca passou de opressão. E em resumo, a sua suposta piada sempre direcionada ao próximo (fosse pela sexualidade, cor, religião, gênero, padrões físicos ou o que quer que seja) não será mais tolerada. E ponto final.
Há quase um ano, a campanha publicitária “The Shemale Calendar”, realizada pela agência Leo Burnett, comparava peças defeituosas de automóveis a travestis em uma infeliz mensagem de transfobia.
Trazia ainda um calendário com fotos de mulheres trans objetificadas, sob a infeliz justicativa: “se [a peça de carro] não é original, mais cedo ou mais tarde, você sente a diferença”.
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À época, o proprietário da agência explicou o equívoco, reforçando que a publicação da campanha não havia passado de um mal entendido:
“A peça foi inscrita no festival do Clube de Criação por uma falha nossa. Somos uma empresa que sempre respeitou e apoiou a diversidade. Eu, Marcelo Reis, peço desculpas. Lamentamos o constrangimento causado. Já solicitamos ao Clube de Criação que o trabalho seja retirado do Festival, por não estar alinhado com nosso modo de pensar e agir”.
Um ano depois: propagandas estimulam respeito a travestis e transexuais
Quase um ano após a polêmica campanha, o caso voltou a ganhar repercussão na coluna da jornalista Monica Bergamo.
Para se retratar, a agência assinou um acordo com a Defensoria Pública de São Paulo, onde se comprometeu a criar propagandas que estimulem o respeito a travestis e transexuais. “A princípio a empresa se retratou em uma revista de pequena circulação, mas acreditávamos que dava pra ser mais que isso, uma vez que a publicação não era tão acessível”, explicou a defensora pública Vanessa Alves.
Após fechar o acordo, a própria agência propôs à Associação Nacional de Travestis e Transexuais a participar do processo de criação das novas campanhas. “Vivemos em um mundo marcado pela violação e negação dos direitos básicos à vida: saúde, educação ou trabalho. E por isso o objetivo da campanha é mudar essa cultura. Que elas não sejam mais estigmatizadas por sua sexualidade”, reforçou a defensora.