Agência checa promessas feitas por João Doria durante campanha

por Marina Estarque, da Agência Lupa

Prefeito João Doria durante ação da Cidade Linda na zona leste

No ano passado, ainda como candidato a prefeito de São Paulo, o tucano João Doria fez uma série de promessas. Elas ficaram registradas no programa eleitoral registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nos programas de rádio e TV e também nas diversas entrevistas que ele concedeu. Para marcar os 100 dias da nova administração, completados no último dia 10, a Agência Lupa, parceira do Catraca Livre, analisou o andamento de algumas dessas propostas. Veja abaixo parte das checagens e, neste link, a íntegra do trabalho:

  • Afirmação: “(Vou) reduzir o tempo para abrir uma empresa de baixa complexidade para dois dias úteis”
    Resultado da checagem: CONTRADITÓRIO
    Justificativa: a promessa consta no programa de governo que a campanha de João Doria registrou no TSE. No seu Plano de Metas, no entanto, a proposta fixou um prazo superior: cinco dias. Textualmente, o novo documento promete “reduzir o tempo para abertura e formalização de empresas de baixo risco de 101,5 dias para 5 dias” – duas vezes mais do que foi dito durante a corrida eleitoral. Procurada, a prefeitura disse que a primeira fase do programa que fará essa redução no tempo tem como meta sete dias, mas o prazo de dois dias será atingido até o final da atual gestão.
  • Afirmação: “A Guarda Civil Metropolitana vai deixar de multar”
    Resultado da checagem: CONTRADITÓRIO
    Justificativa: em outubro de 2016, em entrevista à rádio Jovem Pan, Doria disse que, em 1º de janeiro, a GCM deixaria de multar e passaria a “cuidar das pessoas”. Em fevereiro, o site G1 flagrou guardas civis multando carros na zona sul de São Paulo, e Doria respondeu com uma postagem de Facebook. Nela, escreveu que “diferentemente do que acontecia na antiga gestão, nenhum guarda civil sai para as ruas com o objetivo de multar”, mas ressaltou que eles continuam com “autonomia para autuar caso se deparem com casos específicos no trânsito que coloquem a sua vida e a de outras pessoas em risco”. A prefeitura disse que a Secretaria de Segurança Urbana divulgou um comunicado suspendendo a aplicação de multas pela guarda, exceto nas situações descritas pelo prefeito, com destaque à proteção escolar. Ainda acrescentou que “os guardas não utilizam mais os radares-pistola”.
  • Afirmação: “Eu vou acabar com a indústria da multa”
    Resultado da checagem: DE OLHO
    Justificativa: Tanto na campanha quanto depois de sua posse, Doria prometeu agir contra “a obsessão pela multa, pela geração de receita através dela”. Após 100 dias de governo, no entanto, ainda não é possível saber se houve queda nas multas ou não. O portal Mobilidade Segura, lançado em fevereiro de 2016, não mostra os resultados das multas aplicadas na cidade desde janeiro. Além disso, nem a CET nem a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes responderam os pedidos de Lei de Acesso à Informação apresentados nos últimos três meses.
    Em 31 de março, em sua última resposta, o secretário Sérgio Avelleda informou que o portal seria “atualizado em abril” – sem fixar o dia – e que havia “pedido urgência”. Também orientou que fosse apresentado outro pedido de informação (que demora até 20 dias para ser tramitado), caso o prazo de abril não fosse cumprido.
    Por nota, a prefeitura disse que busca identificar os radares que mais multam na cidade com o objetivo de “reforçar a sinalização e informar o motorista” e que o balanço das multas aplicadas em 2017 ainda não está concluído, uma vez que demora cerca de três meses para que eles sejam fechados.
  • Veja também: