Agência é acusada de fazer propaganda irregular pró-PT no Twitter

Agência contratou influenciadores digitais para promover conteúdo de candidatos petistas no Twitter a pouco mais de um mês para as eleições

27/08/2018 13:35 / Atualizado em 05/05/2020 11:46

Em nota, governador do Piauí comentou polêmica no Twitter: “Não são pessoas contratadas pela campanha. As postagens são espontâneas”.
Em nota, governador do Piauí comentou polêmica no Twitter: “Não são pessoas contratadas pela campanha. As postagens são espontâneas”. - Agência Senado/Reprodução

Em um dos cenários mais turbulentos e imprevisíveis das eleições desde o processo de redemocratização, o grande desafio da política brasileira está na renovação de suas possibilidades. Apesar disso, velhas práticas habituais do jogo eleitoral ainda são realidade. E ganham força na internet.

Na noite do último sábado, 25, a jornalista e influenciadora digital, Paula Holanda, fez uma denúncia no Twitter onde revelou ter sido convidada por uma agência de marketing digital mineira para promover conteúdos de esquerda em seu perfil.

Paula, seguida por quase 6.500 usuários em sua conta, deu detalhes sobre o episódio que teve início quando aceitou escrever tuítes relacionados a candidatos do PT. Entre eles, Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional da sigla e candidata a deputada federal pelo Paraná, e Luiz Marinho, candidato a governador de São Paulo.

A polêmica teve início quando a jornalista recebeu um terceiro pedido por parte da agência Lajoy. Desta vez sobre o governador do Piauí Wellington Dias, também do Partido dos Trabalhadores, e candidato à reeleição. Ao contrário do que fora proposto na oferta de trabalho – sobre a suposta cobertura de pautas vinculadas à esquerda – a função se resumia à propaganda específica de candidaturas do PT. Motivo, este, que a levou a se recusar a escrever sobre o piauiense.

Mas o que diz a legislação?

E ao contrário do que prevê a lei, que só permite propaganda eleitoral em redes sociais no modelo de impulsionamento – quando candidatos, partidos e coligações contratam diretamente a rede social – os tuítes divulgados pela jornalista não informavam detalhes sobre pagamento, ou sequer exibiam qualquer informação sobre a empresa ou o político envolvido.

A exemplo do que define o artigo 6º da resolução 23.551: a propaganda em redes sociais deve mencionar, explicitamente, qual partido, candidato ou coligação, com CNPJ, a pagou, “não devendo empregar meios destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais”. A consequência para quem infringe a resolução é multa de até R$ 30 mil.

Campanha petista nas redes sociais

Com a revelação feita pela jornalista, o nome de Wellington Dias tornou-se o quarto termo mais citado no Twitter no Brasil na madrugada do último domingo, 26. “Não tenho nenhuma ligação com o Piauí e não o conheço. Pesquisei rapidamente e pela opinião pública da esquerda, ele aparentemente não foi um bom governador. Li que ele sucateou e militarizou a educação e silenciou mulheres,” afirmou Paula na rede social.

E por meio de uma “thread” (sequência de pequenas frases, ou tuítes), especificou os detalhes da negociação com a empresa de publicidade. “O que me passaram é que seria uma ação de esquerda, com pautas feministas, negras e LGBT, quando, na verdade, eu sinto estar fazendo uma campanha sem ter sido avisada”.

Paula, entretanto, não foi a única vítima do ato de manipulação. Com a repercussão do escândalo, outros perfis no Twitter apagaram publicações semelhantes ou admitiram que foram contratados para a mesma finalidade. A jornalista ainda lembrou que não assinou nenhum contato, ou sequer faz ideia de quem esteja por trás da ação da agência.

Fundada em 2011 por Joyce Mota, a Lajoy é uma agência especializada em marketing nas redes sociais e trabalha com publicidade por meio de influenciadores digitais. Confira a matéria completa no site do jornal Folha de S. Paulo 

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