Agente penitenciário denuncia homofobia de colegas no RS

Mateus Schwartz dos Anjos vem sofrendo uma série de ataques e difamação em grupos de WhatsApp

14/02/2022 11:07

Um agente penitenciário do Rio Grande do Sul usou as redes sociais para relatar que tem sido vítima de ataques homofóbicos em grupos de WhatsApp de servidores da Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS). Mateus Schwartz dos Anjos revela que registrou boletim de ocorrência.

O assessor de relações institucionais da secretaria conta que os ataques começaram em 2019 após ele publicar fotos ao lado do noivo em uma rede social. Mas somente agora, em janeiro, é que Mateus conseguiu reunir provas.

 O agente penitenciário Mateus Schwartz dos Anjos registrou boletim de ocorrência após ser alvo de homofobia
 O agente penitenciário Mateus Schwartz dos Anjos registrou boletim de ocorrência após ser alvo de homofobia - Reprodução/Instagram

“Se eu não estivesse muito bem resolvido com essa questão, não teria postado no meu Instagram. É algo que não me atinge, mas que eu não aceito. Minha sexualidade não é tabu para mim ou para minha família, mas para muitas outras famílias ainda é. Então, resolvi denunciar, para que sirva de exemplo e para que os meus colegas repensem a conduta deles como servidores públicos”, disse Mateus em entrevista ao G1.

Ainda, segundo Mateus, as imagens dele ao lado do noivo normalmente aparecem nas capturas de tela com o destaque “encaminhada com frequência”. Como o número de telefone de quem compartilhou também é visível, os registros podem servir para descobrir os responsáveis pelos ataques.

Em nota, a Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo do Rio Grande do Sul afirma que se “opõe a qualquer tipo de preconceito e destaca ações como inclusão de cotas de diversidade nos concursos da pasta. A pasta ainda informa que funcionários que eventualmente sofram atos de preconceito serão apoiados pela secretaria.

A Delegacia de Combate à Intolerância, onde a ocorrência foi registrada, também se manifestou dizendo que o caso será investigado e a corregedoria do órgão também será acionada. “Agora, vamos partir para a identificação dessas pessoas”, garantiu a delegada Cris Ramos.

https://www.instagram.com/p/CZjyiD9ONMr/

Homofobia é crime!

Em junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o crime de homofobia deve ser equiparado ao de racismo. Os magistrados entenderam que houve omissão inconstitucional do Congresso Nacional por não editar lei que criminalize atos de homofobia e de transfobia. Por isso, coube ao Supremo aplicar a lei do racismo para preencher esse espaço.

Em alguns casos, a discriminação pode ser discreta e sutil, como negar-se a prestar serviços
Em alguns casos, a discriminação pode ser discreta e sutil, como negar-se a prestar serviços - Getty Images

Como denunciar pela internet

Em casos de homofobia em páginas da internet ou em redes sociais, é necessário que o usuário acesse o portal da Safernet e escolha o motivo da denúncia.

Feito isso, o próximo passo é enviar o link do site em que o crime foi cometido e resumir a denúncia. Aproveite e tire prints da tela para que você possa comprovar o crime. Depois disso, é gerado um número de protocolo para acompanhar o processo.

Há aplicativos que também auxiliam na denúncia de casos de homofobia. O Todxs é o primeiro aplicativo brasileiro que compila informações sobre a comunidade, como mapa da LGBTfobia, consulta de organizações de proteção e de leis que defendem a comunidade LGBT.

Há muitas formas de denunciar homofobia no Brasil
Há muitas formas de denunciar homofobia no Brasil - iStock/@Massonstock

Pelo aplicativo também é possível fazer denúncias de casos de homofobia e transfobia, além de avaliar o atendimento policial. A startup possui parceria com o Ministério da Transparência-Controladoria Geral da União (CGU), órgão de fiscalização do Governo Federal, onde as denúncias contribuem para a construção de políticas públicas.

Com a criminalização aprovada pelo STF, o aplicativo Oi Advogado, pensado para conectar pessoas a advogados, por exemplo, criou uma funcionalidade que ajuda a localizar especialistas para denunciar crimes de homofobia.

Delegacias

Toda delegacia tem o dever de atender as vítimas de homofobia e de buscar por justiça. Nesses casos, é necessário registrar um Boletim de Ocorrência e buscar a ajuda de possíveis testemunhas na luta judicial a ser iniciada.

As denúncias podem ser feitas também pelo 190 (número da Polícia Militar) e pelo Disque 100 (Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos).