Um Corcel de 33 anos cruelmente sequestrado de sua família
Família faz campanha desesperada pelo retorno do legendário carro branco de 1981
Na manhã desta terça-feira, Aristizábal, 33, foi sequestrado na frente de sua casa na Vila Leopoldina, em São Paulo. A família não tem notícias de seu paradeiro e faz uma desesperada campanha pelo seu retorno.
Aristizábal é um Corcel II branco de 1981, que acompanhou o designer Pedro Naif desde seu nascimento. O carro foi comprado pelo seu avô, José de Andrade – ou apenas Zezé -, uma figura clássica da pequena cidade de Itatiba, no interior paulista.
“Há 33 anos, meu avô comprou um carro zero para dar um rolê na cidade. Os anos se passaram e ele foi ficando com ele. Eu nasci em 1986 e conheci o Corcel antes de conhecer o meu avô”, conta Pedro. “O Seu Zezé é a extensão do carro e o carro é a extensão dele”.
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Quando fez 17 anos, Pedro se mudou de São Paulo a Itatiba, ficou muito próximo de seu avô e, consequentemente, do companheiro Aristizábal. A mudança de dono do carro aconteceu naturalmente. Quando os reflexos de Zezé se tornaram insuficientes para acompanhar o trânsito, o neto assumiu a posse do já legendário veículo.
Assim como seu dono original, Aristizábal começou a ter os primeiros problemas de saúde nessa época. Com status de campeão quando jovem, o Corcel agora sentia o peso da idade, sobretudo após a mudança de motorista.
“Eu era o único cara do segundo colegial da cidade que tinha um carro à disposição. Então, todo final de balada era um bando de moleques bêbados empurrando o carro para fazer pegar”, conta Pedro. “Às vezes, eu puxava o freio de mão só para ver a galera empurrando sem tirar o carro do lugar”, brinca.
De volta a São Paulo, Pedro assumiu um acordo não falado de que seria uma espécie de motorista de Zezé, já que o avô lhe havia confiado o xodó Aristizábal.
Em muitas de suas inúmeras viagens juntos, o Corcel ameaçou deixá-los na mão. Mas a fé do dono sempre salvava a situação. “Quando o carro não subia uma ladeira, meu avô subia em cima do capô, fazia uma reza para Nossa Senhora e falava: ‘Pronto, acelera que agora vai!’ E não é que eu acelerava e o carro subia a ladeira?”
O misticismo da relação da família com o carro não se limitava às rezas. “Quando eu brigava com o meu avô, o carro começava a me deixar na mão, morria a bateria. Aí eu fazia as pazes com ele e o motor ficava perfeito.”
Esta bela história familiar parece ter chegado ao fim com o roubo de Aristizábal. No entanto, há quem veja uma esperança em sua idade: 33 anos, a mesma que tinha Jesus quando foi crucificado. “Agora estou torcendo para ele voltar depois de três dias”, brinca Pedro.
Se alguém tiver notícias do paradeiro de Aristizábal, por favor deixe uma mensagem nos comentários e ajude este milagre a acontecer.