Alunas de colégio do Rio de Janeiro denunciam abuso sexual de alunos e professores

12/04/2016 13:04

“Mãos que educam (?) são as mãos que calam!” e “Assédio nunca será elogio”. Cartazes denunciando abuso sexual no colégio Pedro II, no Campus Humaitá II, no Rio de Janeiro, foram pendurados no portão da unidade na manhã desta terça-feira, dia 12.

Desde a semana passada, o colégio na Rua Humaitá tem sido alvo de denúncias de casos de abusos físicos e psicológicos.

Em carta aberta divulgada na semana passada, alunas afirmam viver situações de assédio “dentro do ambiente escolar”. No texto, elas alegam ter sofrido assédio de alunos e também de professores. “Inúmeros casos já foram denunciados, e apesar disso, poucos desses foram minimamente investigados”, justificam.

Alunas denunciam casos de assédio em ambiente escolar
Alunas denunciam casos de assédio em ambiente escolar

“Há algumas semanas, viralizou nas redes sociais o relato de alunas que já não aguentavam mais a convivência com um aluno que as assediava e agredia desde o 7º ano, aluno esse maior de idade”, diz trecho do documento.

A carta diz que o aluno tinha como prática “trancá-las em sala e encoxá-las nos intervalos”, enviar mensagens de cunho sexual e ser agressivo fisicamente com uma aluna específica. As estudantes afirmam que a solução encontrada pela instituição foi transferir o aluno para outro campus, mudando apenas o local do problema. Leia o texto na íntegra aqui.

O Catraca Livre tentou entrar em contato com a direção do colégio, mas até a conclusão desta reportagem não obteve resposta. Em nota, a instituição afirma que repudia qualquer tipo de assédio. Confira:

Íntegra da Nota do Colégio Pedro II:
A Direção e o SESOP do Campus Humaitá II vêm a público dizer que repudia qualquer tipo de assédio, seja ele moral, sexual ou psicológico, bem como qualquer tipo de intolerância e discriminação.

O Colégio Pedro II é uma escola plural, que prima pela valorização das diferenças e da inclusão de todos e todas, e assim funciona o Campus Humaitá II. Em todos os casos de assédio – de qualquer tipo – ou de intolerâncias, a Direção do Campus Humaitá II e o SESOP, quando tomam conhecimento dos fatos, agem dentro dos limites que lhes é possível.

Não podemos esquecer que numa escola as ações são principalmente educativas, sempre, e que quando se esgotam os limites pedagógicos possíveis outras instâncias são acionadas, dentro ou fora da escola (encaminhamentos com relatórios das ações realizadas).

A Direção do Campus Humaitá II se solidariza com todas e todos aqueles (as) que são vítimas de quaisquer tipos de assédios, ofensas, intolerâncias e sempre esteve – e estará – de portas abertas para receber os estudantes que sentirem-se ameaçados em seus direitos. A omissão jamais fez ou fará parte das atitudes de uma Direção formada por mulheres que, em algum momento de suas vidas, certamente já vivenciaram questões semelhantes.

O direito de expressão é legítimo, mas não podemos nos esquecer de que todo fato tem, no mínimo, duas versões. Há que se informar, que se apurar, que se esclarecer antes de julgar, condenar e excluir.

Somos uma escola viva, reflexiva, verdadeiramente democrática e
aberta às mudanças e ao diálogo. Devemos unir forças para o objetivo comum e precípuo que é o de formar cidadãos críticos e com a capacidade de lutar por seus direitos sem esquecer que o outro também os tem.