Alunas de colégio do Rio de Janeiro denunciam abuso sexual de alunos e professores

“Mãos que educam (?) são as mãos que calam!” e “Assédio nunca será elogio”. Cartazes denunciando abuso sexual no colégio Pedro II, no Campus Humaitá II, no Rio de Janeiro, foram pendurados no portão da unidade na manhã desta terça-feira, dia 12.

Desde a semana passada, o colégio na Rua Humaitá tem sido alvo de denúncias de casos de abusos físicos e psicológicos.

Em carta aberta divulgada na semana passada, alunas afirmam viver situações de assédio “dentro do ambiente escolar”. No texto, elas alegam ter sofrido assédio de alunos e também de professores. “Inúmeros casos já foram denunciados, e apesar disso, poucos desses foram minimamente investigados”, justificam.

Alunas denunciam casos de assédio em ambiente escolar

“Há algumas semanas, viralizou nas redes sociais o relato de alunas que já não aguentavam mais a convivência com um aluno que as assediava e agredia desde o 7º ano, aluno esse maior de idade”, diz trecho do documento.

A carta diz que o aluno tinha como prática “trancá-las em sala e encoxá-las nos intervalos”, enviar mensagens de cunho sexual e ser agressivo fisicamente com uma aluna específica. As estudantes afirmam que a solução encontrada pela instituição foi transferir o aluno para outro campus, mudando apenas o local do problema. Leia o texto na íntegra aqui.

O Catraca Livre tentou entrar em contato com a direção do colégio, mas até a conclusão desta reportagem não obteve resposta. Em nota, a instituição afirma que repudia qualquer tipo de assédio. Confira:

Íntegra da Nota do Colégio Pedro II:
A Direção e o SESOP do Campus Humaitá II vêm a público dizer que repudia qualquer tipo de assédio, seja ele moral, sexual ou psicológico, bem como qualquer tipo de intolerância e discriminação.

O Colégio Pedro II é uma escola plural, que prima pela valorização das diferenças e da inclusão de todos e todas, e assim funciona o Campus Humaitá II. Em todos os casos de assédio – de qualquer tipo – ou de intolerâncias, a Direção do Campus Humaitá II e o SESOP, quando tomam conhecimento dos fatos, agem dentro dos limites que lhes é possível.

Não podemos esquecer que numa escola as ações são principalmente educativas, sempre, e que quando se esgotam os limites pedagógicos possíveis outras instâncias são acionadas, dentro ou fora da escola (encaminhamentos com relatórios das ações realizadas).

A Direção do Campus Humaitá II se solidariza com todas e todos aqueles (as) que são vítimas de quaisquer tipos de assédios, ofensas, intolerâncias e sempre esteve – e estará – de portas abertas para receber os estudantes que sentirem-se ameaçados em seus direitos. A omissão jamais fez ou fará parte das atitudes de uma Direção formada por mulheres que, em algum momento de suas vidas, certamente já vivenciaram questões semelhantes.

O direito de expressão é legítimo, mas não podemos nos esquecer de que todo fato tem, no mínimo, duas versões. Há que se informar, que se apurar, que se esclarecer antes de julgar, condenar e excluir.

Somos uma escola viva, reflexiva, verdadeiramente democrática e
aberta às mudanças e ao diálogo. Devemos unir forças para o objetivo comum e precípuo que é o de formar cidadãos críticos e com a capacidade de lutar por seus direitos sem esquecer que o outro também os tem.