Alvo de frase machista, repórter diz que debate ‘não pode morrer’
O técnico do Inter, Guto Ferreira, se desculpou publicamente e disse que foi infeliz no raciocínio da resposta
Na noite desta terça-feira, 18, o treinador do Internacional foi questionado pela repórter Kelly Costa, da RBS TV, sobre a possibilidade de haver falha técnica pelo time não ter feito mais gols, mas ouviu dele que, por ser mulher, “de repente, não jogou”.
Tudo começou depois da vitória polêmica do Inter de 1 a 0 sobre o Luverdense, no Beira-Rio, em que a arbitragem validou um gol nos acréscimos que foi cheio de controvérsias.
Na coletiva de imprensa após o jogo, a repórter perguntou ao técnico Guto Ferreira: “Você falou em concretizar chances a gol. Chegou na coletiva mostrando números. Queria que você falasse se é só mérito dos adversários ou se você reconhece ser uma falha técnica”.
Com isso, o treinador respondeu: “Desculpe, não vou fazer essa pergunta para você porque você é mulher e, de repente, não jogou”, se referindo a pressão que é jogar futebol.
Guto Ferreira se desculpou publicamente e disse que foi infeliz no raciocínio da resposta. “Acabei me atrapalhando e não quero mudar a opinião de ninguém, respeito a opinião de todo mundo, até porque sei que errei”, disse ele em declaração ao SportTV.
O treinador também já havia se desculpado com a jornalista após a entrevista coletiva e disse que sua intenção era fazer com que a repórter pensasse no que se passa na cabeça de um atleta durante a partida, mas que sua fala acabou saindo diferente do que imaginava.
A repórter usou seu perfil pessoal no Facebook para comentar o ocorrido e disse que, para ela, o caso é assunto encerrado. “Mas que bom que esse acontecimento nos fez recolocar em pauta uma discussão que já existe há muitos anos e não pode morrer”, completou.
Kelly ressaltou que o machismo está em toda a sociedade e não apenas no futebol. “Todas as mulheres que eu conheço algum dia foram alvo de comentários machistas. Alguém aí não?”, questionou. Ela finaliza dizendo que seu desejo é que haja força e resistência para desconstruir o machismo, o racismo, o sexismo e a homofobia. “Que essa seja uma luta de todos. Vamos em frente”.
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