Ansiedade de separação em cães e gatos: como identificar e tratar

A SASA - Síndrome de Ansiedade de Separação em Animais - se manifesta a partir de uma série de comportamentos

Conteúdo por Tuka Pereira
26/09/2021 12:10 / Atualizado em 28/09/2021 16:56

É bastante complexo reconhecer os sintomas de depressão em cães e gatos. Sem a ajuda da comunicação verbal, os indícios do transtorno nos animais podem ser bastante sutis e é preciso que os tutores estejam atentos.

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De acordo com a médica veterinária especialista em comportamento animal, Ursula De Marco, a depressão em animais, geralmente é sintoma de uma síndrome, a SASA (Síndrome de Ansiedade por Separação em Animais). “Nos animais domésticos, é mais comum entre os cães, mas gatos também apresentam. Essa síndrome pode ser definida pelo conjunto de comportamentos indesejáveis exibidos pelos animais quando são deixados sozinhos ou quando são afastados fisicamente de uma figura de apego”, explica.

A SASA pode ocorrer devido ao vínculo estreito entre o animal e seus tutores o tornando dependente da presença desses indivíduos para se sentir seguro em qualquer ambiente, mesmo dentro de sua casa.  “Muitas vezes, até mesmo quando o tutor fecha uma porta (do banheiro, por exemplo) cães e gatos podem apresentar sinais de SASA”, afirma a especialista.

Além disso, de acordo com estudos recentes, cães filhotes retirados de suas ninhadas antes dos 60 dias de vida, têm uma predisposição maior a serem animais mais inseguros e medrosos, o que pode levar a uma dependência maior dos seus tutores e estarem mais predispostos a SASA.

Outro fator importante é quando ocorrem mudanças no ambiente, de casa ou até no convívio das pessoas da família. Essas alterações na rotina, geram insegurança, medo e ansiedade e o animal pode manifestar esses sentimentos através da síndrome.

Sinais de SASA

Dentre os sinais que podem ser apresentados são: vocalização excessiva (uivos, miados ou latidos em excesso), comportamento destrutivo (roer ou arranhar objetos pessoais da figura de vínculo ou as possíveis rotas de acesso a essa figura de vínculo), micção e defecação em locais inapropriados e, frequentemente, em objetos que sejam referência à figura de apego como sapatos, roupas ou camas.

Outros comportamentos também são apontados como manifestações da síndrome, como alimentação muito rápida ou cessando a alimentação, vômitos, sialorréia (salivação em excesso) e, em alguns casos TC (transtornos compulsivos), quando o animal pode apresentar lambedura excessiva em alguma parte do corpo, podendo chegar a fazer a lesões, ingestão de pelos, caçar a própria cauda ou insetos imaginários.

“Então, geralmente a depressão está associada a outros fatores, e pode ser confundida pelos tutores como um animal quieto, que quando os tutores saem, fica deitado na caminha, ou local preferido, e não faz nenhuma atividade, não brinca, não come, não bebe água e muitas vezes não urina e nem defeca e só depois que os tutores chegam é que se sente seguro para realizar essas atividades. O estar ‘quietinho’, nem  sempre é sinal de que o animal está bem”, diz a veterinária.

Como tratar a ansiedade por separação

O que você pode fazer se seu animal mostrar sinais de ansiedade de separação? Antes de mais nada, procure um veterinário especializado em comportamento animal para que ele faça a análise do tipo de tratamento ideal, já que, em alguns casos mais graves, é preciso o uso de medicamentos.

Além disso, felizmente, existem medidas que podem minimizar a ansiedade que seu bichinho sente quando você não está por perto:

  • Deixe o rádio ou a TV em uma estação ou canal que fica sempre ligada quando você está em casa;
  • Mantenha as chegadas e partidas em segredo (dica: não anuncie, “Mamãe está indo trabalhar!”);
  • Crie um cantinho confortável com os objetos preferidos dele para que ele possa associar como um espaço seguro;
  • Forneça muitos brinquedos para ele brincar e se distrair enquanto você estiver fora;
  • Considere o uso de um difusor de feromônios para fornecer um aroma calmante para o animal;
    Ofereça muito carinho e brincadeiras quando estiver em casa;
  • Instale prateleiras para que o felino possa se exercitar ao escalar;
  • Passeie com seu cão por ao menos 40 minutos

“Quando falamos de passeios para cães, não é aquela voltinha do quarteirão, ou só aquela saidinha para o xixi, é um passeio de qualidade, um momento de interação entre o animal e o tutor, onde o cão tem que ter a oportunidade de farejar, interagir com outros cães e pessoas, se exercitar e, para isso, são necessários no mínimo 40 minutos. Lembrando sempre que o passeio também deve ser de acordo com as características de cada cão quanto à idade ou restrições de mobilidade, mas passear é primordial na vida de todos os cães”, finaliza a veterinária.