“Ao cair da tarde” relembra as histórias de quinze senhoras

Por: Catraca Livre

Durante quatro meses, quinze senhoras entre 64 e 88 anos falaram de suas vidas para sete artistas das áreas de dança, cinema, fotografia, figurino e música. Marize Piva, Mariana e Mônica Sucupira, Ernandes Araújo, Tika Tiritilli, Maristela Estrela e Agnaldo Bueno ouviram tudo calmamente e transformaram esses relatos no experimento cênico “Ao cair da tarde” que estreou dia 13, no Teatro do Sesc Anchieta e percorrerá outras salas da cidade de São Paulo.

Histórias sobre famílias, amor, filhos, sonhos viraram um roteiro com dez cenas interpretadas pelas quinze personagens, duas bailarinas e um ator. O experimento faz parte de um projeto anterior, a exposição fotográfica “Retrato delas com suas Fotos”, onde elas trouxeram para as fotos suas lembranças de uma maneira livre e espontânea.

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Senhoras em cena

Vera Arcanjo Oliva, de 72 anos, é uma dessas senhoras que teve a vida revisitada para o projeto. A sua história tem o belo Teatro Municipal como pano de fundo. Nascida em Capão Bonito mudou-se para a capital paulista aos oito anos de idade, com os pais, e pela primeira vez que viu o Teatro, deslumbrou-se.

“Sempre que meus pais vinham ao Mappin, que ficava em frente ao Municipal, eu olhava admirada aquela arquitetura. Na época, eu não sabia o que era, então, no meu imaginário infantil eu criava fantasias, achava que ali era um castelo onde viviam princesas, reis e rainhas. Pensava nas festas que deviam acontecer lá dentro, era mágico”, relembra.

Aos 17 anos, Vera entrou para o Teatro Experimental do Sesi e teve a chance de fazer parte da história de um dos lugares da cidade que mais a fascinava – o grupo dela foi convidado para apresentar uma peça no Municipal. “O meu papel era pequeno, mas imagina a minha satisfação em entrar pela primeira vez no Teatro, e, ainda, conhecer a intimidade das coxias, camarins e o palco daquele lugar maravilhoso”.

A carreira de atriz parou por ali, mas com esse projeto teve a possibilidade de voltar a fazer parte de um grupo de teatro. “Sempre que posso eu participo do teatro da terceira idade do Sesc, faço algumas peças. O melhor é que cada um dá o que pode de si, é algo espontâneo e sincero”, finaliza feliz da vida.