Aos gritos da plateia, Doria e França reafirmam polarização

"Eu espero que os dois cheguem vivos ao final do programa", disse o jornalista no início do debate

O encontro foi marcado por ataques dos dois lados
Créditos: Reprodução/Twitter
O encontro foi marcado por ataques dos dois lados

Aos gritos e aplausos da plateia, os candidatos ao governo do estado de São Paulo, João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB), se enfrentaram na noite desta quinta-feira, 18, no primeiro debate do segundo turno, realizado nos estúdios da Band. O clima já começou quente, com troca de farpas e interrupções durante todo o primeiro bloco. “Eu espero que os dois cheguem vivos ao final do programa”, disse o jornalista Fábio Pannunzio.

O debate foi dividido em cinco blocos: no primeiro, os candidatos responderam a perguntas sobre um mesmo tema; no segundo, houve confronto direto entre os dois; no terceiro, Doria e França tiveram que responder a questões feitas por jornalistas da emissora; no quatro, eles se confrontaram novamente; por último, na quinta parte, foram finalizados os confrontos diretos e feitas as considerações finais.

O ex-prefeito de São Paulo buscou a todo tempo se associar ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro e insistiu, por diversas vezes, em aproximar o atual governador do estado à esquerda, ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em resposta, França lembrou o apoio de Doria a candidatos da esquerda e citou as críticas feitas por Geraldo Alckmin ao companheiro de partido.

Em um dos momentos mais tensos, o ex-prefeito acusou o atual governador de estar na lista da Odebrecht com o nome “Paris”. França desafiou o oponente a provar a afirmação: “Se você encontrar meu nome em alguma lista, João, eu renuncio ao meu mandato como governador”.

Na pesquisa Ibope divulgada nesta quarta, 17, Doria aparece com 52% dos votos válidos, contra 48% de França, que era vice de Geraldo Alckmin (PSDB).

Veja abaixo os principais momentos do embate:

Emprego

Logo no início do debate, em uma pergunta sobre geração de emprego, França usou seu tempo para declarar que não apoia o PT, em resposta aos inúmeros ataques feitos pela campanha de Doria. Ele foi interrompido pela plateia, que gritava: “petista”.

Em seguida, o atual governador afirmou que São Paulo tem a responsabilidade de unir o Brasil. “Para gerar mais empregos, temos que atrair as empresas e voltar a crescer com o país. São Paulo é a máquina que lidera o Brasil.”

Sobre o mesmo assunto, o ex-prefeito de São Paulo reiterou que pretende gerar mais empregos desestatizando. “Vou buscar investimentos para o agronegócio, para a indústria, para o setor de ciência e tecnologia, para o setor de turismo e para o comércio”, disse, completando que não criará novos impostos.

Em outros momentos do programa, o tema voltou a aparecer. Márcio França citou que mais de 16 cidades do estado começaram o alistamento civil, que, segundo ele, vai permitir aos jovens de 18 anos se alistarem no exército para receberem R$ 500 por mês, além de cursos técnicos. “Nós temos também linhas de financiamento pela Desenvolve SP, destinada a pessoas que querem empreender.”

PT, Lula e os partidos de esquerda

Durante o programa, Doria insistiu em vincular França a petistas, como Lula, e enfatizar que apoia Bolsonaro. “Você é do Partido Socialista Brasileiro, seu chefe da casa Civil é Aldo Rebelo, que foi do PCdoB”, acusou o tucano.

O governador, então, respondeu: “Eu sou do PSB há muitos anos e tenho muito orgulho. Eu não traio as pessoas do meu partido, ao contrário de você. Você fez isso com o governador Geraldo Alckmin, ele disse que você é um traidor, que você o desapontou, que misturou o público com o privado”, retrucou.

Doria continuou as provocações e questionou: quais conselhos você ofereceu ao presidiário Lula? “Eu diria: não empresta mais dinheiro para o João Doria. Ele emprestou R$ 44 milhões do BNDES para você comprar um jatinho”, respondeu França.

“Depois que você foi prefeito, abandonou a prefeitura, deu uma rasteira no candidato do seu partido para tentar ser Presidente da República, mas acabou tendo que disputar o governo de São Paulo. As pessoas que conhecem você não votam em você”, continuou o candidato do PSB.

Doria explicou que uma das principais razões pelas quais está disputando o governo é para que um “esquerdista como França” não tome o poder. “Assuma o seu lado esquerdista. Eu tenho o meu papel, que é o PSDB, e aqui em São Paulo a executiva do PSDB apoia o voto no Jair Bolsonaro. Você recebeu apoio do PSTU, do PSOL, do MST.”

“Você está neurótico com essa coisa de PT”, reiterou o governador do estado. “O meu partido não é PT, eu não sou PT, eu não apoio PT. O PT te ajudou com 6 milhões de reais para a sua empresa, a Lide. Você não é Bolsonaro, você é Bolsoseu”, finalizou.

Segurança Pública

Quando perguntado sobre segurança pública e controle do crime organizado, o ex-prefeito de São Paulo afirmou que não vai permitir a entrada de celular em presídios e que deve valorizar a inteligência policial para identificar os criminosos e coibir as facções. Ele também prometeu que vai colocar um membro da polícia para comandar a Secretaria de Segurança Pública e se posicionou a redução da maioridade penal. “Polícia na rua, e bandido na cadeia”, defendeu mais uma vez.

O atual governador ironizou o discurso do tucano: “Pegou um pedaço do Maluf, um pedaço do Skaf [fim das saidinhas]”.

Já França prometeu reabrir delegacias e declarou que vai manter a proposta de separar as polícias na organização do estado, elevando o orçamento delas. “Essas facções foram criadas no governo do PSDB e vivem dos jovens das periferias que vendem as drogas. Nós temos que gerar oportunidade para eles saírem dessa vida, fazendo controle efetivo e com tecnologia.”

Educação

A educação foi um dos assuntos abordados ao longo da noite. A respeito do tema, Doria ressaltou que quer prestigiar e valorizar os professores, melhorando salários, oferecendo cursos e promovendo condições adequadas nas escolas, com o uso da tecnologia em sala de aula.

A principal proposta de França é oferecer 100% de vagas de creche em todo o estado. “Já entregamos 300 creches e vamos em obras com mais 300, e depois vamos fazer mais 1000 para zerar a fila de creche”, explicou.

Saúde

Após a pergunta sobre saúde pública feita pela jornalista da Band aos candidatos, França citou os avanços para a área feitos durante sua gestão como vice de Alckmin. “Nós temos em São Paulo 101 hospitais e estamos construindo mais 7. O estado é referência para todo o Brasil e recebemos muitas pessoas de outras cidades para fazer tratamento aqui.”

Símbolo de sua campanha na prefeitura, Doria disse que irá implementar o Corujão da Saúde para permitir que os exames de imagem sejam feitos com mais agilidade. De acordo com o candidato do PSDB, também será criado o Corujão das Cirurgias, no mesmo modelo do outro projeto.

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