Após bilhete, mãe desabafa contra racismo nas redes sociais

Em defesa, diretora da escola justifica bilhete por surto de piolho; entenda o caso

22/06/2016 11:28

“Olá, mamãe Débora. Peço-lhe, se possível, aparar ou trançar o cabelinho dos meninos. Eles são lindos, mas eu ficaria mais feliz com o cabelo deles mais baixo ou preso”.

Um post compartilhado no Facebook, no último dia 16 de junho, retrata a hipocrisia de um país que se declara multicultural, tolerante e cordial, quando na verdade não passa de uma das sociedades mais racistas do mundo em pleno 2016. Este é o Brasil, onde 54% da população é negra e o racismo faz vítimas diariamente.

Em sua conta pessoal, Débora Figueiredo, mãe dos alunos citados no bilhete, faz um desabafo que demonstra a estrutura do racismo brasileiro: começa na infância, em sala de aula, perpassa a adolescência e segue até à vida adulta, em forma de violência, desemprego, desafeto, abandono e humilhação. Eis o retrato do racismo no Brasil.

“Como eu gostaria que meus filhos não passassem por nenhum tipo de preconceito, como eu gostaria de protege-Los desse mundo cruel, como eu gostaria de afastar gente ruim travestido de bonzinhos antes que eles tivessem o desprazer de ter contato. Meus filhos Antônio e Benício foram vítimas de preconceito por causa do cabelo deles, recebi essa mensagem na agenda escrita pela coordenadora da escola que até então tinha meu respeito, daqui em diante…Eu não posso protege-Los de tudo, mas sempre vou lutar por eles”. Compartilhada por milhares de pessoas, em todo país, Débora recebeu apoio de anônimos e mensagens de incentivo contra o preconceito”.

Publicação no Facebook gerou revolta e milhares de mensagens de apoio à mãe dos alunos
Publicação no Facebook gerou revolta e milhares de mensagens de apoio à mãe dos alunos

Surto de piolhos 

Em entrevista à BBC Brasil, a diretora da escola, Eliane Nascimento, defendeu o envio do bilhete e disse não haver qualquer tipo de preconceito racial da coordenadora, no caso sua filha. Mediante ao surto de piolhos na escola, segundo ela, o bilhete foi escrito para proteger os garotos.

Ainda de acordo com a proprietária, o tema “piolho” não foi mencionado no texto para evitar expôr as crianças a terceiros. Nesta quarta-feira, 22, a mãe dos alunos, a proprietária da instituição de ensino e seus respectivos advogados se encontrarão para discutir o incidente.