Após fazer piada com brasileiro, café irlandês é acusado de xenofobia

Uma publicação em tom de brincadeira feita pelo proprietário de um café em Dublin, na Irlanda, acabou transformando-se numa guerra entre internautas irlandeses e brasileiros.

No dia 15 de fevereiro, Paul Stenson publicou no Facebook do seu estabelecimento, o The White Moose Café, um texto sobre uma entrevista de emprego que havia feito com um brasileiro. Veja:

Interviewing a Brazilian for the position of kitchen porter and, the poor lad, whenever he wanted to say kitchen, he…

Posted by The White Moose Café on Monday, 15 February 2016

“Entrevistando um brasileiro para uma vaga de emprego, sempre que ele queria dizer ‘cozinha’ (kitchen, em inglês), ele dizia ‘frango’ (chicken). ‘Eu quero muito ser assistente de frango’. ‘Eu gosto de frango’. ‘Seu frango é grande?’ Nunca foi tão difícil me manter sério em toda minha vida”, disse Stenson no texto.

O que era para ser uma piada, tomou uma enorme proporção e foi encarada pelos brasileiros como xenofobia.

Revoltados, internautas começaram a enviar mensagens negativas às redes sociais do café. No Facebook, brasileiros começaram uma campanha para dar uma estrela ao café, a nota mínima na rede social. Até a conclusão desta reportagem, o café estava avaliado com 1,8 estrelas. A nota máxima é 5.

Após a chuva de comentários negativos, Stenson decidiu manter sua postura e continuou a fazer piadas ofensivas aos brasileiros na internet.

Ele trocou a imagem que ilustra a página do estabelecimento na rede social por uma foto do lutador brasileiro José Aldo sendo nocauteado pelo irlandês Conor McGregor. Também colocou uma imagem do ex-jogador Pelé como perfil com os dizeres: “Eu amo o branco Moose Café”.

 

Nesta quinta-feira (25), o estabelecimento continuou com as provocações e publicou uma troca de mensagem entre duas pessoas: “Esse café cheira à merda”. A outra pessoa responde: “Eu sei. O café veio do Brasil”.

 

Em entrevista ao site “BBC Brasil“, Stenson afirmou que recebeu ameaças. “Diziam ‘espero que você morra’, ‘vamos pegar você’, ‘sabemos onde você vive'”, disse. “Não é divertido é receber comentários abusivos ou ameaças. Era só brincadeira, por diversão. Nunca disse nada desagradável.”

Uma brasileira de 27 anos que atualmente mora em Dublin, Nathália Caltabiano, afirmou à “BBC” que se sentiu ofendida com as posições do empresário. No Facebook, um usuário disse para Stevenson não brigar com os brasileiros, porque “são bons de conseguir passaportes falsos e fraudar benefícios sociais”. O empresário respondeu: “E não esqueça do sexo. Eles são bons para sexo também”.

Caltabiano criticou o post. “Ele falou que nós somos bons para sexo, não bons de sexo. A preposição muda tudo. Ele acha que nosso inglês não é bom, mas sabemos diferenciar uma coisa da outra. Já temos essa fama, e ele só reforçou o estereótipo. Não se pode fazer piadas assim, ainda mais em nome de uma empresa”.

Piada com veganos

Não é a primeira vez que o empresário se envolve em polêmica. Em 2015, ele fez um comentário que provocou a ira de veganos –  pessoas que excluem alimentos de origem animal de sua dieta.

“Atenção, veganos: por favor, não venham a nosso café sem antes avisar e não nos olhem espantados por não haver 50 mil itens no menu compatíveis com os requisitos idiossincráticos de sua dieta. Nosso chef ficará feliz em preparar uma série de pratos para vocês, mas um aviso antes de sua visita será apreciado”, escreveu.

Depois de receber reclamações e avaliações negativas, ele reagiu: “Todos os veganos agora serão barrados em nosso café. Qualquer vegano que tentar entrar será alvejado à queima-roupa. Normalmente, não matamos nossos clientes, mas como vocês dizem que ‘carne é assassinato’, então, é justo que matemos animais e também humanos”.