Após indicação de João Campos, pernambucanos criam campanha #meuprimeiroemprego

Meritocracia? Aos 22 anos e prestes a se formar em engenharia, João Campos é nomeado chefe de gabinete do governo estadual de Pernambuco

Em resposta à nomeação de dois filhos do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (morto em 2014) – a cargos públicos, incluindo a função de chefe de gabinete ao jovem João Campos, de 22 anos, que ainda estuda engenharia e receberá R$ 7 mil por mês – uma campanha foi criada nas redes sociais em repúdio ao nepotismo e ao domínio da família no estado.

Assim surgiu a hashtag #Meuprimeiroemprego, que já reúne inúmeros relatos de profissionais pernambucanos de diversas áreas que retratam as dificuldades do mercado e questionam a tal da “meritocracia”.

Memes ironizam indicação de João Campos, que na última quinta-feira tomou posse como chefe de gabinete de Pernambuco

Confira alguns relatos: 

Faz tudo, sem selário 

‪#‎meuprimeiroemprego‬ foi aos 13, um tipo faz tudo-recepcionista-biblioteca-laboratório-dá aula de reforço-faz café-faz limpeza. salário não tinha. trabalhava em troca de frequentar as aulas de uma ótima escola de inglês. antes, tinha bolsa. quando me disseram que a bolsa ia acabar, e que se eu quisesse continuar teria que trabalhar em troca, topei, claro. e aproveitei bem, sempre fui uma das melhores alunas, ao contrário de muitos coleguinhas de turma, bem nascidos da “aristocracia” caruaruense”. 

Sacolé pelo bairro

‪#‎MeuPrimeiroEmprego‬ foi ainda bem novo, criança aliás. Eu tinha uns 9 ou 10 anos e vendia sacolé pelo bairro, numa caixa de isopor. Como sempre fui muito empreendedor, eu mesmo produzia a minha mercadoria, incentivado pelo meu pai que adquiriu um pequeno freezer, as garrafas com as essências de vários sabores e uns fardinhos de saquinhos plásticos. Tenho muito orgulho deste meu passado.

R$ 317 por mês

‪#‎meuprimeiroemprego‬ foi como menor aprendiz no Banco do Brasil em 2006. Meu primeiro salário foi R$ 317,00 por mês. Eu era muito feliz! Para conseguir esse trabalho tive que obter boas notas no curso que fazia, e desde cedo já era bem clara a associação entre o resultado e o esforço. Nesta época meu pai já havia falecido e minha mãe não podia me sustentar para sempre. Não troco minha história por nenhuma outra.

Sem chefe nem patrão 
‪#‎Meuprimeiroemprego‬. Sem chefe nem patrão. Aos 15 anos descobri que poderia fazer artesanato, pulseiras, colares e brinquinhos, vendia tudo que fazia na feirinha de Boa Viagem e boutiques da cidade. Com a grana comprei o primeiro LP, Chico e Caetano (era a minha trilha sonora predileta), roupas, livros, cinema, e ainda pagava o cursinho. Dai aos 18 entrei na UFPE, passei no concurso público para o Banco Central do Brasil, 5.000 inscritos para 30 vagas e estabilidade para o resto da vida, tudo que minha mãe sonhava, mas que o filho não gostou. Aos 20, juntei uma graninha e fui navegar nas águas Amazônicas, na Zona Franca de Manaus comprei um bom equipamento fotográfico. Voltei para Recife, pedi demissão, e nunca mais quis saber de chefe nem patrão.