Argentinos pedem clareza na investigação sobre jornalista morto no Brasil
A morte do jornalista Jorge Lopez e a prisão do morador de rua Rafael Braga durante os protestos de 2013 podem ter alguns pontos em comum
Em julho, nem todos os argentinos saíram do Brasil tristes apenas pela perda da final da Copa Do Mundo. Boa parte deles lamentava também a morte de Jorge Lopez, jornalista que estava no país cobrindo o mundial e morreu em um acidente de trânsito causado por uma perseguição policial.
O problema é que, passados quase quatro meses de sua morte, pouca coisa ficou explicada. Segundo a polícia, Lopez morreu instantaneamente no momento em que o táxi no qual estava se chocou com um carro em que estavam três assaltantes em fuga. Depois do acidente, que ocorreu em Guarulhos à 1h30 do dia 9 de julho, a polícia continuou a perseguição e prendeu os criminosos, enquanto o corpo do argentino ficou à espera da remoção.
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A família do jornalista, que também estava no Brasil, só tomou conhecimento do acidente via redes sociais. Sua noiva, a também jornalista Veronica Brunati, conta que não recebeu nenhum tipo de contato ou auxílio e ainda teve que lidar com informações conflitantes, como o óbito declarado para seu marido às 21h30 do dia 8 e a presença das armas dos assaltantes dentro de sua mochila.
Devido à ausência de explicações ou esclarecimentos oficiais por parte da Secretaria de Segurança Pública, da Fifa e do COL (Comitê Organizador Local), Brunati lançou uma campanha nas redes sociais pedindo justiça para “Topo”, como Lopez era conhecido. Até agora, jogadores, jornalistas e técnicos se manifestaram em apoio, utilizando a hashtag #justiciaparatopo.
Justiça made in Brasil
O incômodo com a falta de clareza nas ações da polícia e da Justiça brasileira atingiu recentemente os argentinos, mas para os brasileiros não há nada de novo.
Um exemplo é o caso de Rafael Braga Vieira, 23 anos, única pessoa presa no país por um crime relacionado a protestos de rua. Em junho de 2013, Rafael, morador de rua e dependente químico, foi preso no Rio de Janeiro portando dois produtos de limpeza na mochila: água sanitária e Pinho Sol. Segundo o acusado, ele estava apenas os levando para sua tia. Segundo a polícia, ele tinha a intenção de preparar um coquetel molotov.
Rafael foi processado por “possuir artefato explosivo ou incendiário sem autorização” e, em dezembro de 2013, condenado a cinco anos de prisão. O laudo pericial do caso concluiu que os produtos químicos portados por ele não poderiam ser usados como explosivos. Mesmo assim, Rafael está há mais de um ano preso.
Hoje, um grupo de pessoas luta por sua libertação. No Facebook, a comunidade “Pela Libertação de Rafael Vieira Braga” divulga informações sobre o processo e seus recursos, além de debates organizados para discutir sua situação. O próximo encontro acontece na sexta-feira, dia 7, na Cinelândia (mais informações no box abaixo).