Artista causa polêmica ao filmar sexo para simular ‘estupro’

A artista afirma que seu objetivo foi encorajar o debate de como a violência sexual é frequente em uma sociedade patriarcal

24/05/2016 11:24 / Atualizado em 16/09/2017 11:41

A artista britânica Sophia Hewson, de Melbourne, na Austrália, filmou uma “performance” fazendo sexo com um estranho para simular a cena de um estupro. O trabalho tem causado polêmica e teve repercussão internacional.

No vídeo de três minutos, o foco são as expressões no rosto da artista enquanto tem relações com o homem, identificado como “Bob”, dentro de sua própria casa. Dele, são vistos apenas os braços e as mãos. De acordo com Sophia, a obra é uma “representação do estupro” e seu objetivo foi encorajar o debate de como a violência sexual é frequente em uma “sociedade patriarcal”.

Em um texto publicado em sua página no Facebook, a britânica afirma: “O aspecto mais confrontacional de ‘Untitled (‘are you ok bob?’)’ não é olhar a mulher enquanto ela é atingida ou penetrada, é ver a mulher olhando para a câmera durante a experiência. Preso pelo seu olhar, o expectador é forçado não apenas a testemunhar, mas é envolvido na desolação”.

O objetivo do trabalho é refletir sobre a cultura de violência contra a mulher na sociedade
O objetivo do trabalho é refletir sobre a cultura de violência contra a mulher na sociedade

O trabalho da artista costuma explorar a relação entre objetificação feminina e poder masculino e, desta vez, ela quis evidenciar como o estupro é “mais que um ato sexual de violação, é a fundação de toda a instituição do patriarcado, e, logo, um campo de batalha crucial para desmontar o poder masculino”.

No entanto, o vídeo tem causado polêmica. “Estupro não é um meio artístico. Obrigada por invalidar as experiências de milhares de mulheres com o estupro. Isso é nojento”, escreveu a usuária do Facebook Melissa Farman.

Karen Willis, diretora do Rape and Domestic Violence Services, centro de apoio a vítimas de violência sexual na Austrália, afirmou em entrevista ao “Daily Mail” que o vídeo pode ser perigoso. “Acho que pode servir como um ‘gatilho mental’ para vítimas, trazendo à mente todas as memórias de seu próprio estupro, o que é muito perigoso. Acho que há outros métodos para empoderar mulheres, em vez de exibir um vídeo de um ataque sexual”.

Após receber críticas de internautas e especialistas nas redes sociais, a britânica respondeu: “não tenho fantasias com estupro e que não gostei fisicamente de fazer o trabalho”.