Artista cria nova técnica de teatro do oprimido para mulheres

Bárbara Santos escreveu “Percursos Estéticos” para aproximar teoria da prática e lança obra em diferentes estados através da padê editorial

Em parceria com Jéssica Balbino
06/07/2018 12:00

Imigrante brasileira em Berlim, na Alemanha, a artista-ativista Bárbara Santos passou 28 anos vivendo e pesquisando o “Teatro do Oprimido” ao lado de Augusto Boal, criador do método, e agora publica o livro “Percursos Estéticos”, a primeira publicação sobre o tema voltada às mulheres negras e latinas. Ela é também a primeira mulher negra a construir uma teoria sobre o tema. A obra é uma publicação da padê editorial.

Os lançamentos ocorrem no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Conforme a autora, o livro apresenta abordagens originais sobre  Teatro do Oprimido enquanto um veículo de comunicação e arte marcial. A publicação é uma extensão da primeira obra de Bárbara “TEATRO DO OPRIMIDO, Raízes e Asas: uma teoria da práxis”, que traz um apanhado do método criado pelo teatrólogo Augusto Boal até o surgimento do conceito da Estética do Oprimido.

Bárbara notou que a partir da morte de Boal, em 2009, surgem diferentes formas de formação, articulação política e atuação em rede ancoradas nos exercícios e técnicas do dramaturgo, dando origem ao que Bárbara Santos chama de “Estética do Oprimido”. No livro, ela reúne contos, poemas e exercícios que desenvolveu ao longo de quase uma década de pesquisa e direção artística de grupos teatrais formados por mulheres negras, latinas e imigrantes na Alemanha.

Este segundo livro, além de fazer uma análise da história recente do Teatro Oprimido, especialmente a partir de 2009, após a morte de Augusto Boal. Os percursos criativos foram impulsionados pela necessidade de avanço e desenvolvimento do método”, explica a autora.

A obra compartilha processos de investigativos sobre a estética do Teatro do Oprimido, desenvolvidos depois da morte de Augusto Boal, criador do método com quem a autoria trabalhou por duas décadas e traz, não só um profundo vínculos artístico com o autor, como também a trilha de um processo de autonomia. Trata-se de uma leitura fundamental a pessoas interessadas no desenvolvimento de processos críticos e criativos.

Como consequência desses percursos estéticos, criamos um conjunto original de exercícios, jogos e técnicas – imagem; som/ritmo; palavra -, que alterou significativamente nossas produções artísticas e os processos de formação que oferecemos”, contou Bárbara.

As descobertas estéticas já foram compartilhadas em festivais e produções coletivas na Europa e na América Latina, daí surgiu também a ideia de reunir tais conceitos em uma publicação impressa. “Tenho o desejo de contribuir com a ampliação das possibilidades de atuação artístico-ativista das participantes do Teatro do Oprimido”, destacou a escritora.

Sobre a autora

Socióloga formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Bárbara Santos nasceu em 1963 e é uma mulher negra com experiência internacional, somando 28 anos de experiência ininterrupta com o método, tanto no Brasil como em outros 40 países dos cinco continentes.

Trabalhou por duas décadas com Augusto Boal e foi também a primeira mulher negra a publicar um livro teórico sobre Teatro do Oprimido, que foi lançado em português, tanto no Brasil como em Portugal, e também em espanhol na Espanha, na Argentina e no Uruguai.

Além disso, Bárbara é diretora de KURINGA, espaço para o Teatro do Oprimido em Berlim, do grupo Madalena-Berlin e de Companhia Teatral Together Internactional – cooperação entre organizações de sete países europeus.

Difusora do Teatro das Oprimidas, inovadora experiência estética sobre opressões enfrentadas por mulheres, é diretora artística da Rede Ma(g)dalena Internacional, formada por grupos feministas da Europa, África e América Latina.  Bárbara também é fundadora e diretora artística de uma rede de mulheres negras fazendo teatro com engajamento político.

sobre a padê editorial

Seguindo a premissa do “faça você mesmo”, as poetas Tatiana Nascimento e Bárbara Esmênia criaram, em 2015, a padê editorial. Com livros artesanais de tiragem especial (de 200 a 500 exemplares), é dedicada à publicação de autoras negras periféricas, lésbicas, for a dos grandes circuitos literários.

“A parceria com a padê deve à postura alternativa da editora diante do conservadorismo e por assumir abertamente o compromisso em publicar escritas que combatem opressões e celebram a vida”, evidencia a autora.

AGENDA DE LANÇAMENTOS

16 de julho na Livraria Suburbano em São Paulo

28 de julho em Belo Horizonte

30, 31 de julho e 01 de agosto em Salvador

Serviço – Mais informações podem ser obtidas na página  https://www.facebook.com/percursosesteticos/