Artista lança campanha para criar Barbie “comum” – mas, afinal, o que é ser comum?
Iniciativas recentes tentam acabar com os estereótipos da Barbie tradicional, mas é difícil fugir de todos eles na busca desse “comum” que, provavelmente, nem existe – Por Jennifer Chait, do Inhabitots
Ano passado, o artista Nickolay Lamm mostrou ao mundo como seria uma boneca Barbie se ela tivesse as medidas de uma norte-americana “comum” de 19 anos – pelo menos de acordo com o CDC (Center for Disease Control and Prevention), organização que cuida a e alerta sobre doenças como a obesidade.
Desde então, a ideia ganhou força. Além do ex-vice-presidente da Mattel, Robert Rambeau, ter demonstrado interesse na “Barbie comum” (ou “Average Barbie”, no inglês), Lamm acaba de lançar uma campanha para arrecadar 95 mil dólares para que ele possa começar a produção de uma nova boneca. O slogan agora é “Average is Beautiful” (ou algo como “Comum é lindo”).
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A Barbie comum, chamada “Lammily” tem medidas típicas, usa pouca maquiagem e roupas simples. Vem com pulsos, joelhos, cotovelos e pés articulados, o que permite que ela seja posicionada várias posições – e pratique vários esportes. Embora este modelo “normal” de Barbie esteja ganhando fãs e apoio e até eu aprecie a ideia, tenho que me perguntar se esse “comum” é realmente o ideal que queremos passar a nossos filhos – e se esta boneca de fato se encaixa num molde comum.
Para ser honesta, não acho a Barbie comum tão comum assim. Muito possivelmente, a Barbie realmente comum poderia ser um pouco acima do peso, vestiria roupas muito menos caretas e estaria dividida entre seu telefone celular e iPad no lugar de uma bola de futebol.
Nenhuma das amigas das minhas filhas adolescentes se parece com esta Barbie. As crianças e adolescentes que conheço estão sempre experimentando roupas, penteados e maquiagens incomuns, além de serem bem mais propensas a passarem horas em frente a telas do que praticando esportes.
Tenho certeza de que as crianças que eu conheço não se relacionariam com essa boneca. Quando eu era criança, eu mesma não teria me relacionado com ela. Amaldiçoada com cachos rebeldes desde o nascimento, eu poderia ter ficado com ciúmes desse agradável cabelo liso da Barbie comum. Também ficaria tremendamente entediada com as roupas dela. E como era magrela, não teria gostado muito de ter uma amiga com seios perfeitos como os dela. Como disse um amigo meu, “a Barbie comum é muito bonita para ser comum”.
Em minha opinião, essa boneca é uma ótima ideia PARA OS PAIS que querem acabar com determinados estereótipos que eles consideram negativos. MAS, como a Barbie comum só se parece com um pequeno punhado de meninas que eu já conheci, ela tecnicamente não é tão comum.
Que tal uma Barbie plus-size, ou uma Barbie bem magra, ou uma mais alta, outra com acne, outra que é cosplay ou até a que é realmente a bonitinha popular? Quero dizer, as meninas em geral não são tão médias e tentar alcançar a boneca média perfeita parece algo muito difícil. Para realmente atingir a boneca média, precisaríamos de uma linha de Barbies com MUITOS tamanhos, cores, estilos e formas.
Enfim, o que há de errado com a Barbie tradicional? Quando criança, eu tinha dezenas de Barbies “perfeitas” e as usava para brincar todo dia. Eu realmente não acho que seus valores excessivamente perfeitos me fizeram crescer e me tornar um caso perdido de uma princesa que precisa ser salva. Bonecas são brinquedos. Ponto. Bonecas, mesmo super rosas e brilhantes, não são porta de entrada para a estupidez ou a depressão na vida adulta. Algumas meninas (e meninos) gostam e outros não. Algumas amam bonecas perfeitas e algumas provavelmente vão adorar esta boneca mais recente, a comum. Mas todas as crianças merecem escolhas, porque, francamente, as verdadeiras beleza e diversão e estão todos no olho de quem vê.
Além disso, vamos cair na real – valores de longo prazo não vêm de brinquedos, mas dos adultos e colegas que seu filho tem por perto. É algo para se pensar ao escolher brinquedos para o seu filho: se você der a ele várias opções e incentivá-lo para que ele seja ele mesmo, atraindo para discussões sobre mídia, estereótipos e outras questões, tudo vai ficar bem. Se você gosta da ideia de mais uma boneca no mercado, é possível ajudar a Lammily a se tornar realidade fazendo uma doação aqui.
Leia o artigo original aqui.