Artista publica selfies da palma da mão para debater racismo e intolerância
“Na verdade a mão escrava passava a vida limpando o que o branco sujava”, cantou Chico Buarque e Gilberto Gil. Numa simbologia a essa mão, a mão negra, o artista Moisés Patricio, de 26 anos, oferece a sua para questionar o racismo e a intolerância por meio da própria vivência.
“A escravidão no Brasil é marcada principalmente pela exploração da mão de obra de negros trazidos da África e transformados em escravos aqui. Por isso escolhi a própria palma da mão para refletir sobre meus gestos e as implicações na atualidade”, explica.
No Instagram, Patricio publica uma foto por dia para o projeto batizado de “Aceita?”. A primeira foto da série foi postada no início de 2014, contabilizando hoje 476 fotos de selfies da sua mão direita. A ideia, de acordo com Patricio, é manter as publicações durante dois anos, até 2016.
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“O que me motiva a seguir fazendo uma selfie por dia é a minha própria história de vida na cidade de São Paulo. Sou jovem, negro e artista, e sempre foi um enorme desafio transitar na cidade”, conta ele, que costuma tirar fotos no caminha da casa ao trabalho, com objetos que nos faz refletir ou que estão ligados a religiões de matriz africana. Veja mais fotos na galeria abaixo:
Enquanto artista, Patricio se vê com o papel de desconstruir o pensamento que deixa o protagonismo da cultura negra à margem. “Vejo um único caminho: reinscrever a história, novas estratégias que conciliem a múltipla cultura que nos compõe, enquanto artista levo essa responsabilidade”, diz.
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