Opinião: As milícias digitais de Bolsonaro trabalham para o PT
Texto do Jornalista Gilberto Dimenstein, fundador da Catraca Livre
As milícias digitais resolveram atacar o grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”. O site saiu do ar. Mas já voltou – e agora está com 3 milhões de seguidoras, devendo chegar a 4 milhões até sábado.
Em meio à indignação, surgiu uma hashtag devastadora #EleNão – uma genialidade anônima de marketing.
A indignação ainda deu força à convocação das manifestações do próximo sábado.
As milícias digitais mostram conhecimento em internet e, especialmente, em redes sociais, com domínio amplo dos truques. Sabem dar uma sensação de que estariam em todos os lugares – e são temidas.
Mas, de fato, elas hoje trabalham involuntariamente para o PT, ao desgastar seu candidato. As milícias transmitem uma imagem de ódio, machismo e misoginia que, em vez de amenizar, reforçam a rejeição de seu candidato.
Elas atacaram a Marília Mendonça, que, amedrontada, afirmou que as ameaças se estenderam à sua família. Como se sabe, ela é a maior celebridade sertaneja.
Chegaram a dizer que a jornalista Rachel Sheherazade, sempre tida como conservadora, seria comunista e “petralha”.
Inventaram Fake News com Sandy e Ivete Sangalo, disseminando nas redes que elas teriam aderido a Bolsonaro.
Como se sabe, a rejeição de Bolsonaro é alta no geral. É mais alta ainda entre as mulheres.
Não ajuda, portanto, a tática de sair dando facadas digitais em mulheres como Xuxa, Sasha, Deborah Secco, Anitta, Claudia Raia, Bruna Marquezine, Iza, Daniela Mercury, entre tantas outras que aderiram ao “EleNão”.
Arrumaram brigas com celebridades LGBT como Pablo Vittar, atraindo centenas de milhares de apoios nas redes sociais.
Para completar o desafio, as milícias ainda têm de enfrentar o movimento #DemocraciaSim, que juntou todas as mais importantes celebridades brasileiras: de Drauzio Varella a Caetano Veloso, passando por Guilherme Leal, dono da Natura.
As milícias inicialmente até amedrontavam. Mas foram perdendo o efeito, afinal já não dão conta de brigar com tanta gente ao mesmo, usando as mesmas frases, como se fossem robôs – e, em muitos casos, são robôs.
Na prática, elas adoram Bolsonaro. Mas trabalham de graça para o PT.