As sacolas do supermercado não são de graça pra niguém

Por hora, no Brasil, são distribuídas mais de 1 milhão de sacolas plásticas descartáveis. Não importa se você mora em São Paulo, Brasília, no Rio, em Salvador ou em Curitiba, todo mundo paga a conta.

29/08/2016 18:17 / Atualizado em 07/05/2020 04:02

Centenas de jornalistas receberam nesta segunda-feira por e-mail um release assinado pela M.Free Comunicação, de São Paulo, com a seguinte chamada: “Decisão de Haddad de manter a cobrança das sacolas plásticas pelos supermercados é reprovada pela população, aponta pesquisa. Para 79% dos paulistanos, os vereadores deveriam derrubar o veto do prefeito Haddad e anular a decisão de manter a cobrança das embalagens, aponta pesquisa Datafolha.”

A pesquisa foi encomendada pela Plastivida. Ou seja, os maiores lobistas das sacolinhas plásticas contratam pesquisa para derrubar um projeto que pretende racionalizar o consumo dessas embalagens na maior cidade do país. De quebra, sugerem que elas devam ser distribuídas “gratuitamente”, como se houvesse alguma sacola plástica grátis no mundo. Alguém acha que os varejistas não incluem nos preços dos produtos as sacolinhas “grátis”? E quando é grátis, a tendência não é levar sempre mais do que se necessita? Em boa parte do planeta, a cobrança dessas sacolinhas já é realidade (quando não se decreta o banimento delas) para compartilhar com o consumidor a responsabilidade pelo uso e pelo descarte desse material. Inserir pergunta em pesquisa sobre se alguém preferiria algo grátis é cruel. Como diz o ditado: “Grátis até injeção na testa”. O problema vem depois.”

 
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O texto citado é do jornalista André Trigueiro, especializado em jornalismo ambiental. Toda a sua atuação já foi pauta aqui no Menos 1 Lixo, em uma entrevista exclusiva.

Falar sobre o uso excessivo de sacolas plásticas descartáveis, deveria ser um assunto um tanto quanto ultrapassado, mas infelizmente, muita gente ainda não entendeu nada.

Boa parte da população segue acreditando que as sacolas são de graça quando, na verdade, além de pagar o custo financeiro de cada sacolinha (já incluso no produto), pagaremos também, o custo ambiental. Já demos algumas alternativas para quem vai ao mercado, e sempre ressurge a mesma pergunta: mas e como fica a lixeira do banheiro? Hoje, precisamos ir além da indicação das sacolas biodegradáveis, por exemplo. Afinal, cá entre nós, não dá pra usar um argumento desse, sabendo que consumimos mais de 1 milhão de sacolinhas por hora. Isso mesmo, 60 minutos. Você pega todas elas pensando na lixeira do banheiro? Continue aqui.