Assassinatos cometidos por PMs não aparecem em estatísticas do governo paulista

Na próxima sexta-feira, 13 de novembro, ato relembra três meses da chacina ocorrida em Osasco e Barueri

– 6 de agosto de 2015: duas pessoas assassinadas em Pirituba, zona oeste paulistana. Quatorze policiais da Rota presos.

– 13 de agosto de 2015: ao menos 23 pessoas são mortas durante chacina em Osasco e Barueri (região metropolitana). Seis PMs e um guarda municipal estão presos.

– 7 de setembro de 2015: dois suspeitos morreram no bairro Butantã, zona oeste da capital paulista. Um dos homens foi jogado de uma altura de 12 metros e o outro, desarmado e imobilizado, recebe dois tiros no peito. Câmeras de segurança registram os policiais forjando uma suposta troca de tiro nunca ocorrida. Onze PMs foram presos.

– 19 de setembro de 2015: quatro adolescentes são assassinados em Carapicuíba; três policiais acabam presos.

Apesar da prisão de 30 policiais e ao menos 31 mortes referentes ao período, nenhum dos assassinatos foi contabilizado pelas estatísticas oficiais divulgadas pelo governo Geraldo Alckmin no Diário Oficial. A manipulação dos dados foi noticiada pela edição da última segunda-feira, 9 de novembro, do jornal Folha de S. Paulo.

Ilustração do chargista Laerte reflete cenário de omissão e impunidade em relação à chacina de Osasco

A ausência dos casos de homicídio doloso – praticado por PMS – das estatísticas oficiais vai ao encontro de uma medida adotada pelo governo paulista em abril deste ano. A mudança leva em conta o fato de que, antes, os assassinatos cometidos por policiais de folga também eram contados como homicídios dolosos (quando há intenção de matar). Hoje são tratados apenas como intervenção policial.

Para governo paulista não existe ilegalidade nas estatísticas

Por meio de nota divulgada pela Folha de S. Paulo desta terça-feira, a Secretaria de Segurança estadual reitera que não computou as chacinas e assassinatos praticados por PMs de serviço porque faltavam informações nos boletins de ocorrência. Ainda sobre a chacina, afirmou que o caso foi registrado como homicídio, até porque no momento de seu registro a autoria era desconhecida. Enquanto no caso dos assassinatos no Butantã, afirmou que foi inicialmente registrado no boletim de ocorrência como “morte decorrente de intervenção policial”. Enquanto sobre o episódio envolvendo a Rota, relatou que há convicção de “ilegalidade” na ação dos policiais.

Ato simbólico: três meses da chacina de Osasco

A chacina ocorrida no dia 13 de agosto em Osasco, que vitimou ao menos 19 pessoas, será lembrada nesta sexta-feira por uma manifestação em frente à estação de trem do município. No texto convocatório, os organizadores destacam “Osasco foi palco da maior chacina do ano de 2015, com um saldo oficial de 19 mortos, cuja origem, cor da pele e condição social refletem o genocídio da juventude pobre, em especial dos negros e negras. Segundo a Anistia Internacional, dos 56 mil homicídios que ocorrem por ano no Brasil, mais da metade são entre os jovens, dos quais 77% são negros, pobres e moradores da periferia.”