“Assustada”, Ludmilla comenta sobre ida de Marcão ao SBT

Contratação de Marcão do Povo, apresentador demitido pela Record após chamar Ludmilla de "pobre macaca", escancara debate negligente sobre racismo no Brasil

A notícia de que o apresentador Marcão do Povo, demitido após chamar a cantora Ludmilla de “pobre macaca”, foi contratado pelo SBT (a pedido de Silvio Santos) surpreendeu a artista. Em entrevista á revista Glamour, ela comentou sobre o assunto:

“Quando ele foi demitido pela Record, eu pensei ‘caraca, fez bem, não está conivente com este tipo de ação e não concorda com este tipo de crime’. Quando eu soube que o SBT o contratou, eu pensei ‘oi?’. Não posso mudar nada. É algo que me assustou e não imaginei isso”.

À época da demissão, o apresentador alegou que “pobre macaca” não se caracteriza por uma expressão racista, mas sim regional, da terra onde cresceu, em Tocantis. O que, definitivamente, não convenceu muita gente, sobretudo Ludmilla.

“Olha o jeito que ele fala no vídeo. É só ver! Se fosse qualquer tipo de gíria, tinha de falar com quem ele conhece. Quem é gay não pode ser chamado de ‘veadinho’ por quem não o conhece. A pessoa vai ficar furiosa. Se for um amigo é diferente. Só deve usar isso com quem é amigo. Dá para ver, durante o vídeo, quando a pessoa está de maldade ou na pureza. Você não é idiota e sabe das coisas”.

A dor do racismo 

Por fim, Ludmilla fala sobre a dor do preconceito: “Como sou uma cantora negra, todos os que estão à minha volta sabem como é pesada essa parada de racismo. Eu resolvi tomar esta iniciativa para mostrar que o racismo realmente existe. Não tem como explicar a dor do racismo para quem não sofre. Não tem como explicar para alguém que nunca sofreu um acidente de carro como é a dor de quem estava lá dentro. Essa é a dor do racismo. A gente vai tentando explicar com desenho ou vídeo que isso é real. Vou à delegacia quantas vezes forem necessárias, também para encorajar cada vez mais às pessoas a fazerem isso”.