Ataques a secretário de Educação viram guerra nas redes sociais

Educadores entram na briga e lançam manifesto de apoio a Schneider

Desde que o secretário municipal de Educação de São Paulo, Alexandre Schneider, classificou como intimidação a visita do vereador e líder do MBL (Movimento Brasil Livre), Fernando Holiday, começou uma guerra nas redes sociais – e a guerra acabou na polícia. Mais precisamente na Delegacia de Crimes Eletrônicos de São Paulo.

Bombardeado nas redes sociais, Schneider pediu demissão, mas o prefeito João Dória não aceitou. O secretário teve seu  ao Catraca Livre que seu celular atacado mensagens ameaçadoras e ofensivas vindas do WhatsApp.

Uma das que também denunciaram a intimidação foi Sâmia Bomfim, vereadora do PSOL.

Mensagem recebida pela vereadora Sâmia Bomfim
Mensagem recebida pela vereadora Sâmia Bomfim
Mensagem recebida pela vereadora Sâmia Bomfim

Por denunciar a intimidação de Holiday, Bomfim e a vereadora Isa Penna tiveram seus números de celulares divulgados nas redes sociais.

Bomfim encaminhou denúncia à Delegacia de Crimes Eletrônicos de São Paulo. Responsável por essa delegacia, José Mariano de Araújo Filho já tinha aberto inquérito para investigar o site JornaLivre, ligado ao MBL, em que são lançadas ofensas contra jornalistas, artistas e políticos. “O cerco está se fechando”, afirma o delegado, que procura o editor do site, Roger Roberto Dias André, para depor.

Kim Kataguiri, um dos líderes do MBL, espalhou nas redes que Schneider é partidário do PSOL. Montagens com fotos do secretário segurando um livro com o símbolo da foice e martelo na capa foram replicadas nas redes sociais.

Site-fantasma

O delegado José Mariano de Araújo disse hoje suspeitar que Roger Scar (Roger Roberto Dias de André) é “apenas um laranja”. Scar se apresentou como editor do site-fantasma JornaLivre, que entrou em listas dos sites de notícias falsas no Brasil.

O site divulgava anonimamente ofensas contra políticos, publicitários, artistas e jornalistas como Otavio Frias Filho (“Folha”), André Petry (“Veja”), Mino Carta (“Carta Capital”), Tatiana Farah (“BuzzFeed”), Delfim Netto, Wagner Moura, Regina Casé, Letícia Sabatella.

Sobre Gilberto Dimenstein, fundador do Catraca Livre, o site diz que ele é   de “extrema esquerda” e tem “boteco irregular” na Vila Madalena.

A suspeita do delegado, um dos maiores especialistas brasileiros de crimes eletrônicos, é baseada em sua investigação sobre os conteúdos do site. O site é produzido em Santa Catarina, mas, em sua maioria, cobre assuntos locais da cidade de São Paulo, ligados ao MBL.

“O site não tem anunciante. Como se mantém? Por que alguém de outro Estado cobre tantos assuntos de outra cidade?”, pergunta Mariano, que vai acionar a polícia de Santa Catarina para ouvir Scar.

Ataques ao secretário Alexandre Schneider

Chamou a atenção do delegado que um dos principais assuntos do Jornalivre foram os ataques ao secretário municipal de Educação de São Paulo, Alexandre Schneider, que desautorizou Fernando Holiday a intimidar professores de escolas municipais. Desde então, o MBL lançou campanha para derrubar o secretário, alvo de notícias falsas.

Numa reação às pressões, foi lançado um manifesto de educadores, com a hashtag #ApoioAlexandreSchneider.

Na semana passada, Schneider, gestor competente e respeitado pela comunidade educacional, foi atacado por simpatizantes de movimentos que defendem o controle de manifestações ideológicas, políticas e morais nas escolas. O ataque veio após o secretário defender a promoção da tolerância e os princípios constitucionais da liberdade de ensinar, de aprender e do pluralismo de ideias.

Fernando Holiday defende o projeto de lei “Escola sem Partido”, que busca restringir as opiniões de professores em sala de aula.

Importante destacar que muito recentemente, em março de 2017, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão imediata de lei similar do estado do Alagoas. A lei foi considerada inconstitucional segundo o artigo 206, inciso II, da Constituição Federal, que dispõe a “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”.

Em sua decisão, o ministro afirmou que a lei traz “previsões de inspiração evidentemente cerceadora da liberdade de ensinar assegurada aos professores, que evidenciam o propósito de constranger e de perseguir aqueles que eventualmente sustentem visões que se afastam do padrão dominante”, e promove uma “desconfiança com relação ao professor”.

A tentativa de controle ideológico dos professores é um movimento que infelizmente cresce no Brasil, no Congresso Nacional, junto ao Ministério da Educação, nos legislativos estaduais e municipais.

Por essa razão, reafirmamos nossa convicção de que a educação deve considerar o pluralismo político, de ideais e de concepções pedagógicas para a construção da cidadania, tal como prevê a Constituição Brasileira.

É nosso dever promover a carreira docente e desenvolver uma Base Nacional Comum Curricular pertinente aos tempos atuais, que, conforme diretriz do Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024), promova “a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação”.

Esses são alguns dos nomes que assinaram o manifesto a favor do secretário.

Alan Dubner

Alejandra Meraz

Alessandra Gotti

Alessandra Monteiro

Alexandre Youssef

Alice Andrés Ribeiro

Ana Cecília Lessa

Ana Diniz

Ana Inoue

Ana Lúcia Villela

Ana Maria Wilheim

André Barrence

André Lazaro

André Palhano

André Portela

André Stabile

Anna Helena Altenfelder

Antonio Augusto Batista

Beatriz Cortese

Beatriz Goulart

Beto Vasconcelos

Binho Marques

Caio Callegari

Caio Farah Rodriguez

Camila Pereira

Carlos Jereissati

Carolina Fernandes

Cecília Motta

Claudia Costin

Cleuza Repulho

Daniel Cara

David Saad

Denis Mizne

Denise Curi

Diogo Busse

Drica Guzzi

Edson Tamoio

Eduardo Queiroz

Eduardo Rombauer van den Bosh

Élida Graziane Pinto

Elisângela Fernandes

Fabio Barbosa

Fabio Toreta

Felipe Soutelo

Fernando Abrucio

Fernando Almeida

Francisco Soares

Gabriel Barreto Correa

Germano Guimarães

Glauco Humai

Guilherme Leal

Gustavo Arns de Oliveira

Heloisa Morel

Humberto Laudares

Ines Mindlin Lafer

Ismar Barbosa Cruz

Jair Ribeiro

José Frederico

Leandro Machado da Rosa

Lia Carolina Ortiz de Barros Glaz

Lucia Couto

Lucia Fávero

Luciano Monteiro

Manuel da Cruz

Márcio Neubauer

Marcos Nisti

Marcos Silveira

Maria Amabile Mansutti

Maria Lúcia Meirelles Reis

Marina Helou

Mario Ghio

Marta Melo

Marussia Whately

Mauricio Rodrigues Borges

Melina Risso

Miguel Thompson

Monica Dias Pinto

Mozart Ramos

Natacha Costa

Natalia Marcassa de Souza

Natalie Unterstell

Neca Setúbal

Olavo Nogueira Batista Filho

Paula Louzano

Pedro Henrique Cristo

Pedro Villares

Pilar Lacerda

Police Neto

Priscila Cruz

Regina Egger Pazzanese

Renan Ferreirinha

Ricardo Henriques

Ricardo Young Silva

Rodrigo Bandeira de Luna

Rodrigo Cheuiche Vieira da Cunha

Rogério do Nascimento Godinho

Ronaldo Lemos

Sergio Quadros

Sofia Lerche

Sonia Penin

Tereza Perez

Thiago Rocha de Paula

Ursula Peres

Vanessa Yumi Souto

Vera Lucia da Costa Antunes

Vera Masagão