Baixe o novo CD do rapper Afro-X com participações de Sandra de Sá, CPM22 e Afroreggae

Lançando o novo disco “Das Ruas Pro Mundo” do rapper paulista Afro X.  O álbum vem recheado de participações como Sandra de Sá, CPM22, Edu Ribeiro, Carlos Dafé, Cartel Latino, Afroreggae, B.A.D e Mesclado.

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O rapper nasceu no Jardim Calux em São Bernardo, região da grande São Paulo, e teve uma trajetória conturbada. Logo no começo da carreira se envolveu no crime e passou sete anos preso. Dentro do sistema penitenciário lançou o grupo “509-E” e ganhou o Brasil, chegando a vender 150 mil cópias.

O grupo acabou e o voltou a liberdade. Lançou o disco promo “O Regenerado” em 2005. Em 2009, contou sua história de mudança de vida no livro “Ex-157, a História que a Mídia Desconhece”, uma obra prefaciada por Caco Barcellos. Ainda no final do ano, protagonizou o documentário “Entre a Luz e a Sombra” que venceu a 4ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul.

Agora com disco novo nas ruas Afro-X cedeu uma entrevista ao site Catraca Livre.

Esse é o primeiro disco depois do final do seu grupo “509-E”. O que mudou de lá pra cá?
Meu Deus, depois do balde de água fria com o anúncio do Dexter terminando com o nosso sonho (509-E), a princípio passei por um momento muito difícil. Todo recomeço é complicado, mas hoje com mais maturidade consigo entender que o 509 é eterno e ninguém apagará a história de glória, mas muitas vezes o orgulho e a vaidade é maior do que o ideal, por outro lado foi um grande aprendizado que muitas vezes a gente chega na zona de conforto e baixa a guarda . E esse desafio na minha vida me fez construir uma casa em um terreno fértil, com alicerce e um belo acabamento. Em resumo, valeu a pena os obstáculos para amadurecer com responsabilidade e com convicção que é possível superar qualquer adversidade.

O que o disco “Das Ruas Pro Mundo” traz de novo? Comente as participações?

A responsabilidade foi muito grande, pois as pessoas, os fãs estavam cobrando isso de mim, esse trampo é de produção minha com o Dj Tony-Di. É um disco experimental, “viajei” nos mais diversos sentimentos do ser humano. A minha responsabilidade dobrou após a minha conversão ao Evangelho. Musicalmente falando, consegui reunir todas as minhas influências da black music, o samba, funk, soul, jazz, reggae com músicos de altíssima qualidade, e as participações especiais foi um presente de Deus e tudo aconteceu no decorrer de um processo de dois anos. É um CD para todos os gostos, desde o mais radical ao mais culto. Resumindo, equilibrando sem perder a raiz do RAP e com a consciência que temos que praticar o discurso.

Como foi trabalhar com esses grandes nomes da música como Sandra de Sá?

Muito “loko”… Uma experiência ímpar, satisfatória e uma honra ter nomes conceituados como Sandra de Sá, Badauí (CPM 22), Carlos Dafé, Edu Ribeiro e AfroReggae. O principal de tudo é saber que esses artistas consagrados estão abertos para essa nova geração de música periférica chamada RAP. Trabalhar com os caras foi “mil grau”, eles são “profissas”, outro papo, sem contar a humildade deles. Demos muitas risadas, trocamos idéias, bolamos planos, nos abraçamos e fortalecemos um vínculo de amizade que foi o principal para essa fusão. É só conferir.

Estreou nos cinemas o documentário “Entre a Luz e a Sombra” que mostra 10 anos da sua trajetória. Como foi rever a sua vida na tela grande?
“Meu!” Nem imaginava Afro-X multimídia, livro, CD e documentário. Agora só falta um filme sobre a minha vida no cinema (risos).
Nesse documentário o que achei mais interessante é que aborda cinco personagens representados por nós:
1º – A Sociedade e qual o seu papel nesta realidade;
2º -O Terceiro Setor representado pela Sofia no projeto Talentos Aprisionados;
3º – O Juiz, Dr. Otávio Machado Filho representando uma minoria no Poder Judiciário, que acredita na recuperação do detento;
4º – O Preso, tem recuperação ou não?
5º – Uma Cineasta, sinônimo de persistência que acompanhou 07 anos de nossas vidas.
Assisti três exibições, e é emocionante saber que mesmo diante desta triste realidade tivemos uma história com final feliz, apesar de saber que faço parte de uma minoria. O documentário foi exibido em vários países, e ganhou prêmios, inclusive de melhor público da Mostra de Direitos Humanos da América Latina. São várias reflexões que o filme nos leva, e a cada vez que assisti sempre tive algo a aprender.

Recentemente você lançou um livro “Ex-157”, você pensa em seguir essa carreira de escritor?
Foi uma experiência de grande relevância na minha vida, mas não tinha pretensão de ser escritor, só queria expor minha realidade e de alguns que conheci, mas foi ficando tão envolvente, a cada capítulo que escrevia mandava pra rua, e pedia pra digitar, oferecia para as pessoas lerem e através dos elogios que recebi, resolvi então continuar escrevendo, sendo 70% dentro da prisão. Quando saí (liberdade condicional, 2005), “mil fitas” aconteceram, família, filhos, shows, palestras, a causa social e o projeto do livro foi ficando de lado, cheguei até perder o arquivo no computador. De repente, num estalo, isso no final de 2008, um mano em um show perguntou se eu havia lançado o livro, parei, pensei, dei-lhe um abração e voltei a correr atrás do sonho de publicar meu livro. Fui atrás de parceiros e patrocínios e acabei lançando o livro em abril de 2009. Tomei gosto pela coisa e este ano terá mais projetos na área literária.

Você é a prova que o ser humano pode se recuperar. Se você fosse quantificar isso qual seria a porcentagem de dedicação sua, a porcentagem de eficiência do sistema e a porcentagem que cabe ao projeto talentos aprisionados da Sofia?
A reflexão é o seguinte, cada qual sabe o que é melhor para si próprio, depois que você passa “mó” veneno enxerga as coisas de forma diferente. Não adianta as pessoas quererem te ajudar se você não quiser, 90% tem que partir da gente mesmo e os outros 10% é a oportunidade, porque todos precisam de uma oportunidade, ou seja, de uma Sofia.

Novo disco

A tendência é piorar cada vez mais, é só analisar os números da reincidência e da violência consequentemente.
Enquanto o sistema adotar soluções paliativas, pessoas não capacitadas para exercer a função, a superlotação nos presídios, a falta de informatização no Poder Judiciário… tudo isso transforma os presídios em uma bomba relógio.
A justiça brasileira assume um caráter de vingança, porque ela cumpre a lei, mas não faz a justiça, ou seja, prende e não quer cuidar. Finalizo com uma pergunta: “O que faremos com esse exército de criminosos que estão jogados nos porões, sem investimento na recuperação do ser humano? Lembrando que poucos são exceção como eu, que conseguiram vencer na vida após o cárcere. Deixo uma mensagem para os manos da perifería, aqueles que estão do outro lado da muralha e os que acreditam na mudança: “É necessário ter esperança e acreditar que o sonho é possível.”