Banda K2 aborda violências de gênero no clipe “Toda Mãe é Santa”

Grupo fala de diferentes tipos de agressões contra a mulher em material audiovisual

09/06/2017 12:29

Para chamar a atenção para os diferentes tipos de violências sofridas por mulheres – trazendo a estatística de que a cada 15 segundos, uma é agredida no Brasil – a banda K2, de Poços de Caldas (MG), lançou, nesta semana, o videoclipe “Toda Mãe é Santa”, com roteiro e direção feitos por estudantes de publicidade e propaganda da PUC.

Com letra de Pedro Cezar, responsável pela guitarra e voz, a música traz também Diego Ávila no baixo e Douglas Maiochi na bateria  e integra o álbum mais recente da banda, “Brasileiro Alma Grande”.

As gravações, que levaram ao todo sete dias para acontecer, contam com 35 mulheres, escolhidas pelos estudantes, em conjunto com a banda, por serem “mulheres comuns”. É possível assistir no vídeo mães, avós e trabalhadoras. Todas elas, de algum modo, vítimas da violência de gênero.

Clipe foi feito por estudantes de comunicação em parceria com a banda
Clipe foi feito por estudantes de comunicação em parceria com a banda

Com pouco mais de 4 minutos de duração, o videoclipe reflete, os sonhos destas mulheres, bem como as lutas e as ilusões de vidas felizes, que, como diz a letra, não acontecem e são reflexos das violências sofridas diariamente. O material audiovisual ilustra não somente as agressões físicas, mas também a psicológica e outras sutis, como o mercado de trabalho, a falta de atenção básica e o silenciamento.

“Embora tenha sido gravada no último disco, essa música já tem muitos anos. Compus quando ainda morávamos na Vila Sônia, em São Paulo, pensando em casos que via próximo a mim, tanto na família como no cotidiano, nos círculos de amigos e na rua”, contou Pedro Cezar, que teve a ideia de trazer o tema das violências para o vídeo em conjunto com o grupo de alunos da PUC.

“A música abre espaço para várias interpretações, mas essa abordagem [do vídeo] foi motivada pelo protagonismo das mulheres, denunciando a realidade e os números que evidenciam como elas passam por grande sofrimento – reflexo de uma sociedade machista, misógina e patriarcal. Este é um problema que está dentro das casas, mas também está institucionalizado, desde o mercado de trabalho até a ausência de políticas públicas para rever este quadro”, completou.

Banda K2 foi formada há 19 anos em Poços de Caldas, MG.
Banda K2 foi formada há 19 anos em Poços de Caldas, MG.

Os bastidores e a escolha

Conforme o diretor do clipe, Asaph Teixeira, a escolha da banda e da música, apesar de ter acontecido em conjunto, foi motivada pelo sentimento despertado pela canção. “Confesso que quando eu ouvi a música me deu um arrepio na espinha. E todos eles [da banda K2] têm uma relação tanto sentimental quanto profissional muito forte com a faixa. A K2 sempre foi muito militante socialmente, então escolhemos trabalhar com ela, que abrange diversas possibilidades de interpretação. Assim, criamos uma narrativa que ao mesmo tempo fosse forte e conceitual, para a produção, pois além de ser um assunto denso, precisava de muito cuidado para ser produzido”, destacou.

Também participaram do clipe os atores Leidy Nara, Luane Beatriz e Thiago Taygoara Boletta. A direção, produção e fotografia ficaram por conta de Asaph Teixeira, Gabriella Negrini, Larissa Ribeiro, Luis Otavio Suait, Maria Clara de Souza e Maria Teresa Duarte, que trabalharam durante dois meses  entre gravação e produção.

Agora, a ideia é que as pessoas possam acessar o material e utilizá-lo. Para a banda, o videoclipe tem o objetivo de contribuir com o debate cada vez mais crescente sobre violência contra as mulheres. Para quem assistiu, como Melissa Iara, a mensagem foi passada. “Eu me arrepiei, chorei, senti medo, senti ódio, mas mais que isso, senti força!  Força pra encarar, força pra continuar caminhando, força pra ajudar, força pra lutar”, pontuou.

Integrantes da K2 participaram do processo de roteirização do videoclipe
Integrantes da K2 participaram do processo de roteirização do videoclipe

Sobre a Banda K2

Formada há 19 anos, a banda K2, integrada por um trio de músicos poços-caldenses – Pedro Cezar (guitarra e voz), Diego Ávila (baixo e voz) e Douglas Maiochi (bateria e voz) – possui quatro álbuns gravados. “Brasileiro Alma Grande”, “Musik2”, “Locomotiva”, “K2” (EP) e o single “Ontem Acabou o Nosso Amor”, segundo eles, são partes de uma obra ainda inacabada mas que retrata a evolução de uma banda que quando sobe ao palco mostra uma força sem igual. Talvez pelo fato do som da banda ser atual e refletir o que as pessoas sentem, sejam elas jovens sonhadores ou adultos engajados, o grupo mantém muitos dos fãs antigos e arrebanha cada vez mais admiradores.

Em sua história, a banda venceu disputados festivais nacionais como o Som Submarino (um dos pioneiros de votação popular através da plataforma web, promovido pelo site Submarino) e o Coração de Estudante (realizado pela Rede Globo em parceria com a União Nacional dos Estudantes – UNE). Com o disco Locomotiva ultrapassou a marca de 10 mil cópias vendidas de forma independente e ganhou projeção nacional com as músicas Mudanças e Menina Doida. Obteve destaque ainda abrindo shows de O Rappa, Marcelo D2, Charlie Brown Jr., Gilberto Gil, entre outros, participando do programa Altas Horas e da trilha sonora da novela Malhação.

Serviço – Assista ao videoclipe