Bar cria código para mulheres em situação de risco pedirem ajuda
O Zona Last, em Belo Horizonte (MG), promove iniciativas para garantir a segurança das clientes
Carolina* marcou um encontro em um bar de Belo Horizonte, em Minas Gerais, com um homem que conheceu em um aplicativo de paquera. No dia da saída, eles conversaram durante algum tempo, mas, em certo momento, a jovem começou a se sentir insegura com investidas desrespeitosas dele.
Então, ela foi até o balcão e usou um “código” para alertar o dono do estabelecimento sobre o encontro suspeito. O bar, no caso, é o Zona Last, no Horto, zona leste da capital mineira. O local criou uma espécie de “sinal” para ajudar as mulheres que estiverem em situação de risco.
Em uma das paredes do Zona Last, a placa com a mensagem “Encontro do Tinder deu errado?” busca trazer segurança às frequentadoras. Segundo Pedro Romero, dono do bar, a ideia de colocar o cartaz foi inspirada em iniciativas que ele conheceu na Alemanha e na Inglaterra.
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“O principal efeito que a placa provoca, além do uso efetivo do código, é criar uma empatia com as mulheres, para que elas se sintam mais protegidas e possam aproveitar a noite. A ação surgiu para ser usada por qualquer pessoa que se sinta oprimida, mas foi influenciada pelo recorte de gênero e as pautas feministas”, afirma Romero ao Catraca Livre.
O código funciona da seguinte forma: a mulher chega no balcão e chama por um nome específico (revelado no texto). Em seguida, o gerente da noite conversa com ela, dando todo o apoio necessário, como afastá-la da situação ou chamar um táxi para ela ir embora com segurança.
De acordo com o proprietário, os funcionários do estabelecimento já presenciaram alguns casos de machismo e assédio sexual. “Por isso, vimos a necessidade de contratar uma equipe de segurança, que está totalmente treinada para priorizar o cuidado com esses grupos, como as mulheres, e identificar as situações de risco”, explica.
Outra preocupação do Zona Last é não deixar que os clientes saiam a pé e sozinhos durante a madrugada. “O segurança acompanha as pessoas que moram nas ruas ao redor e, caso seja necessário, liga para um táxi ou uber”, diz.
Romero conta que o bar se identifica como “pró-feminista”, já que não é possível falar de um local feminista e administrado por um homem. “Essa questão é muito importante para nós, talvez seja a maior bandeira que levantamos. Mas, sobretudo, estamos abertos à diversidade e lutamos pelas pautas de todas as minorias”, finaliza.
*Nome fictício
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