Biblioteca virtual do Wikileaks traz documentos confidenciais sobre a ditadura militar brasileira
Por Natalia Viana, da Pública
O Wikileaks, organização que ficou famosa por trazer ao conhecimento geral documentos confidenciais de governos e empresas, lança agora uma ferramenta que não tem como foco o vazamento de informações, mas sim a organização daquelas que já estão em domínio público.
O PlusD é uma biblioteca virtual que agrega 1,7 milhão de documentos diplomáticos redigidos entre 1973 e 1976 e 250 mil de 2003 a 2010. Seu objetivo é facilitar os pedidos pela Lei de Acesso à Informação americana para liberar documentos que ainda são mantidos em segredo.
No Brasil
O novo projeto do Wikileaks também é importante para o Brasil. Embora parte dos documentos já tenha sido publicada pela imprensa brasileira, o arquivo completo compreende a atuação de Henry Kissinger diante da política externa americana e, consequentemente, mostra suas relações com a ditadura militar brasileira, que vivia no período sobre o governo do general Ernesto Geisel. São mais de 8.500 documentos enviados pelo Departamento de Estado dos EUA para o Brasil e mais de 13.200 documentos enviados da embaixada americanas em Brasília e consulados a Washington
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Vários desses despachos mostram que a missão americana acompanhava de perto os relatos de tortura e de censura à imprensa. Também há dezenas de registros de treinamentos policias e militares, sempre encorajados pelo próprio Henry Kissinger, que primava por ter uma relação próxima com o Brasil – em especial nos temas hemisféricos, como o embargo a Cuba. Há por exemplo dezenas de trocas de correspondência entre Kissinger e o ministro do exterior Azeredo da Silveira, além de relatos de conversas com altos membros do governo militar, como o ministro da Justiça Armando Falcão, jornalistas e religiosos como o Cardeal de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns.
Acesso
O PlusD permite busca em formato de texto, permitindo uma maior variedade de campos de pesquisa, como por tipo de documento (despachos diplomáticos, memorandos, relatórios de inteligência), agência que o produziu, classificação original e tamanho do texto. Os telegramas contêm links para todas as outras comunicações que fazem parte da correspondência. A ferramenta também está aberta para pessoas que possuem documentos diplomáticos dos EUA e queiram incorporar a essa biblioteca, através do email [email protected].
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