Bolsonaristas tentam passar pano no aumento da gasolina com comparações bizarras

A tentativa dos aliados do presidente de passar pano para o desastre que é seu governo não emplacou e virou vexame

15/03/2022 00:16 / Atualizado em 17/03/2022 12:30

Desde que a Petrobrás, comandada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), autorizou um novo aumento nos preços dos combustíveis (gasolina, diesel e gás de cozinha), diversos bolsonaristas passaram a postar memes fazendo comparações bizarras para defender a política do governo federal.

Um dos memes mais divulgados foi um que compara o auto custo de um copo, que está na moda, e promete manter a bebida sempre gelada, com o preço do gás de cozinha. O deboche bolsonarista é dizer que o  botijão está caro, mas o tal copo, que custa, em média, R$ 200,00. Veja abaixo:

Bolsonaristas tentam passar no aumento da gasolina com comparações bizarras
Bolsonaristas tentam passar no aumento da gasolina com comparações bizarras - Reprodução/Twitter

Não importa se uma parcela da população, por mais que pífia, considere o tal copo que mantém a bebida gelada, algo barato. O botijão de gás a 115,00, ou mais, é um absurdo.

A gasolina chegou a R$ 11,00 no Acre, e isso fez os taxistas paralisarem na semana passada. Isso é um absurdo. Ainda mais considerando o estelionato eleitoral do governo Bolsonaro.

A gente não esquece, que quando era candidato, na eleição de 2018, o presidente afirmava que os preços seriam baixos, chegou até a dizer que o botijão custaria R$ 30,00.

O que chega ser irônico, pois justamente os bolsonaristas reclamavam do preço alto dos combustíveis antes de Bolsonaro ser eleito.

Combustível caro é uma decisão política

Para entender por que é um absurdo gasolina, gás de cozinha e diesel estarem tão caros precisamos também entender que há alternativa. O Brasil não está fadado a ter combustível caro, isso é uma decisão de governo e podemos provar.

O governo Bolsonaro justifica o aumento dos preços na elevação do valor do barril de petróleo no mercado internacional, que ultrapassou a marca de US$ 130 (R$ 656, na cotação de hoje) nos últimos dias. O aumento se dá pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

Quando a Petrobrás anunciou o último aumento, em 11 de janeiro, o barril de petróleo estava cotado em cerca de US$ 83 (R$ 419).

Desde outubro de 2016, quando o então governo de Michel Temer (MDB) resolveu implementar o Preço de Paridade de Importação (PPI), a fim de atender uma demanda dos importadores de derivados de petróleo, os preços dos combustíveis dispararam nos postos de distribuição do país.

O PPI é formado pelas cotações internacionais da gasolina, diesel, gás, etc., adicionado aos custos que importadores teriam, como frete marítimo, perda, seguro, imposto da marinha mercante (quando aplicáveis), taxa de câmbio, mais parcela fixa ao custo estimados do frete rodoviários, mais a parcela fixa equivalente ao custo estimados do armazenamento e movimentação do terminal.

Os países que não são produtores de petróleo têm que importar derivados. Eles não têm alternativa. Eles têm que utilizar o PPI, mas esse não é o caso do Brasil.

Esta política faz os preços praticados pela Petrobras dependerem, fundamentalmente, dos preços do óleo, dos derivados e da taxa de câmbio. Ou seja, o preço do botijão aqui no Brasil depende também da cotação do dólar.

Com o dólar nas alturas, a disparada dos preços que seguem essa política foi exponencial. Segundo dados do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo, até março deste 2021, o preço da gasolina cresceu 73,3%, o diesel aumentou 54,8% e o gás de cozinha subiu 192%, enquanto nesse mesmo período, a inflação medida foi de 17,7%.

Sem uma política de preços favorável, os aumentos continuarão.