Bolsonaro diz que filhos do Bolsa Família têm menor intelecto

Nunca os jornalistas sentiram tanta falta de noticiar que o presidente (ou a presidenta, no caso) saudou a mandioca. Pelo menos era hilário. Agora, os discursos estão bem mais preocupantes.

Em um vídeo ao vivo feito na última terça-feira, 19, junto a seu filho, Eduardo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que uma pesquisa encomendada pelo Ministro da Cidadania, Osmar Terra, feita com 3000 famílias que recebem Bolsa Família.

“Ele pegou uma garotada de 0 a 3 anos, que foi acompanhada por um tempo, e chegou-se à conclusão que o desenvolvimento intelectual deles, dos filhos de Bolsa Família, equivale a um terço da média mundial”, afirmou Bolsonaro.

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“É preciso dizer [para as crianças] que ele só vai ser feliz lá na frente, na parte econômica, se ralar agora, se estudar, não fique esperando nada do Estado. Leve-se em conta a meritocracia”, complementou o PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Não foi um ministro. Não foi um deputado que fez tal afirmação. FOI O PRESIDENTE.

Analisando: o Presidente da República está dizendo que QUALQUER pessoa, independentemente das condições de moradia, alimentação, raça, sexo, orientação sexual, etc, se estudar agora e ralar, vai ter sucesso financeiro no futuro.

Então, você, negro, mulher, LGBT, que um dia perdeu uma oportunidade de trabalho só por ser quem é, relaxa. Dá uma raladinha a mais, vai ler uns livros, que com certeza amanhã o trampo vem.

Assista ao vídeo (ele começa a falar sobre o Bolsa Família aos 19m30s)

Agora, frente à essa declaração absurda de Bolsonaro, o jornalista e fotógrafo Betinho Casas Novas, deu a melhor resposta:

“Eu, quando criança, tive o benefício do bolsa família com minha mãe e meus irmãos. Éramos de origem pobre, assim como muitos. Nos ajudava muito no complemento da renda em casa. Hoje, formado, ganhei seis prêmios com trabalhos de fotografias e jornalismo no país”.