Bolsonaro manda desempregado ‘pedir auxílio para quem tirou seu emprego’
Durante live, nas redes sociais, o presidente se eximiu da responsabilidade com a geração de empregos no Brasil, ao falar do auxílio emergencial
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, durante uma live em suas redes sociais, nesta quinta-feira, 11, que a pessoa desempregada e que necessita da ajuda do governo federal, justamente, neste momento de pandemia do novo coronavírus, deve “pedir auxílio para quem tirou seu emprego”.
Bolsonaro falava sobre a continuidade do auxílio emergencial. O presidente foi taxativo ao afirmar que não prorrogará mais a medida após o final do ano, e sugeriu que a população, agora, peça a ajuda para governadores e prefeitos, que adotaram o isolamento e medidas de restrição de circulação, como se essas ações fossem as responsáveis pela crise econômica que o país vive.
“Se não trabalhar, não come, não é isso? A gente lamenta, eram três meses, nós prorrogamos para mais dois, cinco meses, e agora acabou. Criamos um outro auxílio emergencial, não mais de R$ 600, mas de R$ 300. Não é porque quero pagar menos não. É porque o Brasil não tem como se endividar mais. Não vai ter uma nova prorrogação porque o endividamento cresce muito, o Brasil perde muito, perde confiança, juros podem crescer, pode voltar a inflação. E a gente , eu não quero culpar ninguém não, mas vão pedir auxílio para quem tirou seu emprego, para quem falou ‘fique em casa’. O Brasil todo parou. ‘Fique em casa, a economia a gente vê depois’. Chegou o boleto para pagar a conta aí”, afirmou Bolsonaro.
Vale destacar, que as medidas de isolamento social, contra aglomerações – defendidas pelos governadores -, não são as responsáveis por níveis tão altos de desemprego. E mesmo assim, a Constituição Federal, no Artigo 22º diz: “Compete privativamente à União legislar sobre a organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões”.
Bolsonaro agiu diferente de diversos líderes de países pelo mundo, que adotaram, durante a pandemia da covid-19, altos níveis de investimentos públicos, além de transferência direta de renda para a população, em programas parecidos com o auxílio emergencial brasileiro, mas em valores mais efetivos. No mundo, também houve a participação de governos federais no pagamento de salários da iniciativa privada, em valores muito maiores do que o teto de três salários mínimos, como feito no Brasil. Foram medidas como essas que garantiram à iniciativa privada pelo mundo, melhores condições de enfrentar o período e manter postos de trabalho.
Por aqui, Bolsonaro não só não ajudou, como também atrapalhou, permitindo a redução dos salários em até 30%, diminuindo o poder de compra das famílias brasileiras que mantiveram seus empregos.
Por último, mas não menos importante. Se mesmo com a Constituição Federal dizendo diretamente que a União tem responsabilidade na geração de empregos e Bolsonaro nega, para ele, qual deve ser a função de um presidente da República?