Bolsonaro manda desempregado ‘pedir auxílio para quem tirou seu emprego’

Durante live, nas redes sociais, o presidente se eximiu da responsabilidade com a geração de empregos no Brasil, ao falar do auxílio emergencial

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, durante uma live em suas redes sociais, nesta quinta-feira, 11, que a pessoa desempregada e que necessita da ajuda do governo federal, justamente, neste momento de pandemia do novo coronavírus, deve “pedir auxílio para quem tirou seu emprego”.

Bolsonaro manda desempregado ‘pedir auxílio para quem tirou seu emprego’
Créditos: Reprodução/Facebook
Bolsonaro manda desempregado ‘pedir auxílio para quem tirou seu emprego’

Bolsonaro falava sobre a continuidade do auxílio emergencial. O presidente foi taxativo ao afirmar que não prorrogará mais a medida após o final do ano, e sugeriu que a população, agora, peça a ajuda para governadores e prefeitos, que adotaram o isolamento e medidas de restrição de circulação, como se essas ações fossem as responsáveis pela crise econômica que o país vive.

“Se não trabalhar, não come, não é isso? A gente lamenta, eram três meses, nós prorrogamos para mais dois, cinco meses, e agora acabou. Criamos um outro auxílio emergencial, não mais de R$ 600, mas de R$ 300. Não é porque quero pagar menos não. É porque o Brasil não tem como se endividar mais. Não vai ter uma nova prorrogação porque o endividamento cresce muito, o Brasil perde muito, perde confiança, juros podem crescer, pode voltar a inflação. E a gente , eu não quero culpar ninguém não, mas vão pedir auxílio para quem tirou seu emprego, para quem falou ‘fique em casa’. O Brasil todo parou. ‘Fique em casa, a economia a gente vê depois’. Chegou o boleto para pagar a conta aí”, afirmou Bolsonaro.

Vale destacar, que as medidas de isolamento social, contra aglomerações – defendidas pelos governadores -, não são as responsáveis por níveis tão altos de desemprego. E mesmo assim, a Constituição Federal, no Artigo 22º diz: “Compete privativamente à União legislar sobre a organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões”.

Bolsonaro agiu diferente de diversos líderes de países pelo mundo, que adotaram, durante a pandemia da covid-19, altos níveis de investimentos públicos, além de transferência direta de renda para a população, em programas parecidos com o auxílio emergencial brasileiro, mas em valores mais efetivos. No mundo, também houve a participação de governos federais no pagamento de salários da iniciativa privada, em valores muito maiores do que o teto de três salários mínimos, como feito no Brasil. Foram medidas como essas que garantiram à iniciativa privada pelo mundo, melhores condições de enfrentar o período e manter postos de trabalho.

Por aqui, Bolsonaro não só não ajudou, como também atrapalhou, permitindo a redução dos salários em até 30%, diminuindo o poder de compra das famílias brasileiras que mantiveram seus empregos.

Por último, mas não menos importante. Se mesmo com a Constituição Federal dizendo diretamente que a União tem responsabilidade na geração de empregos e Bolsonaro nega, para ele, qual deve ser a função de um presidente da República?