Bolsonaro quer mudar livros didáticos por terem ‘muita coisa escrita’

O presidente ainda voltou a criticar Paulo Freire

03/01/2020 17:35 / Atualizado em 06/01/2020 16:37

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta sexta-feira, 03, que quer mudar os livros didáticos no Brasil, por considerar que eles têm “muita coisa escrita” e que é preciso “suavizar”.

Bolsonaro quer mudar livros didáticos por terem ‘muita coisa escrita’
Bolsonaro quer mudar livros didáticos por terem ‘muita coisa escrita’ - Agência Brasil/José Cruz

“Tem livros que vamos ser obrigados a distribuir esse ano ainda levando-se em conta a sua feitura em anos anteriores. Tem que seguir a lei. Em 21, todos os livros serão nossos. Feitos por nós. Os pais vão vibrar. Vai estar lá a bandeira do Brasil na capa, vai ter lá o hino nacional. Os livros hoje em dia, como regra, é um amontoado… Muita coisa escrita, tem que suavizar aquilo”, disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.

No Brasil, a compra de livros didáticos é feita pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) a cada quatro anos para todas as etapas de escolarização: educação infantil, anos iniciais do fundamental, anos finais do fundamental e ensino médio.

Em dezembro do ano passado, o governo Bolsonaro abriu um edital para aquisição de livros didáticos para o ensino médio em 2021. Serão adquiridos livros para trabalhar Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, além de livros de formação continuada, obras literárias e conteúdos de recursos digitais.

Hoje, Bolsonaro disse que os livros didáticos em 2021 deverão conter a bandeira do Brasil e o Hino Nacional. Mas, o edital não menciona essa exigência.

O MEC ainda não se pronunciou.

No pronunciamento, o presidente criticou, novamente, o educador Paulo Freire ao relacionar a ele o baixo resultado do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).

“Falando em suavizar, estou vendo um cabeça branca ali, estudei na cartilha Caminho Suave. Você não esquece. Não esse lixo que, como regra, está aí. Essa ideologia de Paulo Freire. O cara ficou 10 anos e a garotada de 15 anos foi fazer a prova do Pisa e mais da metade não sabe fazer uma regra de três simples”, disse Bolsonaro.

Para o presidente da República, os governos de esquerda “plantaram militantes”. “O que a esquerda plantou na educação? Plantou militância. Tanto é que o pessoal vota no PT e no PSOL. A molecada [vota no] PT e PSOL. Chegou ao cúmulo de acabar com uma escola como o Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro. Acabaram com o Pedro II. Menino de saia, MST lá dentro. E outras coisas mais que não quero falar aqui”, afirmou.

Bolsonaro se referia à decisão do colégio, de 2016, que autorizou os alunos a usarem saia ou bermuda, independente do gênero, seguindo uma resolução do próprio Ministério da Educação.