‘Não lê a nota e reclama’, diz Bolsonaro a seguidores que o criticaram
Presidente questionou os que reclamaram da sua declaração à nação
Nesta sexta-feira, 10, Jair Bolsonaro (sem partido) criticou os seguidores que se sentiram traídos pela “Declaração à Nação”, considerando a carta como um recuo covarde do presidente. “O cara não lê a nota e reclama. Lê a nota. É bem curtinha, duas, três vezes. Entenda”, afirmou.
“Foi excepcional o trabalho de vocês. O retrato está no mundo todo e também aqui em Brasília. Alguns querem imediatismo.”
“Se namorar e casar em uma semana, vai dar errado o casamento”, disse o presidente em mais uma analogia a relacionamentos amorosos.
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A carta de Bolsonaro
Em conversa com apoiadores, Bolsonaro justificou a “Declaração à Nação” destacando a reação positiva do mercado à carta. Nas redes sociais e na Câmara, durante toda a tarde e noite de ontem, o presidente foi continuamente criticado.
Dois dias após atacar integrantes da Suprema Corte, em especial o ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro amenizou o tom e publicou na quinta-feira, 9, uma carta, na qual afirma que nunca teve “intenção de agredir quaisquer dos poderes”.
Na tribuna da Câmara dos Deputados, Carla Zambelli comparou o sentimento de agora ao mesmo que sentiu quando houve o pedido de demissão do ex-ministro Sérgio Moro.
“A princípio, eu vou dizer que fiquei até um pouco frustrada. Frustrada da mesma forma da época em que o Moro pediu demissão”, disse a parlamentar bolsonarista.
Já Rodrigo Constantino classificou a atitude como “fim de jogo”. Em uma série de postagens no Twitter, o jornalista disse que Bolsonaro “sucumbiu ao sistema”: “game over”. Ele afirmou ainda que “Bolsonaro pode ter assinado sua derrota hoje”.
antes da divulgação da “Declaração à Nação”, o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão,pediu que manifestantes tirassem faixas de apoio a Bolsonaro e afirmou que paralisação de parte da categoria não é a favor do presidente da República.
O presidente também confirmou que o ex-presidente Michel Temer “colaborou com algumas coisas na ‘Declaração à Nação’”, que, na visão dele, “não tem nada de mais”.
Bolsonaro deu a entender que o objetivo da nota foi apaziguar os ânimos e de que está “pronto para conversar”.
Leia a íntegra da “Declaração à Nação”:
“No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:
1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.
DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA”.